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Entenda o que fez o piloto deste Boeing 737 pousar na pista errada

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Avião Boeing 737-800 Shanghai Airlines
O Boeing 737 de matrícula B-1949 – Imagem: 玄史生 / CC0, via Wikimedia Commons

A autoridade de investigação da aviação da Coreia do Sul, a ARAIB, divulgou nesta semana seu relatório final sobre um sério incidente no qual um Boeing 737 pousou na pista errada quando chegava ao Aeroporto Internacional Gimhae. Veja a seguir como tudo aconteceu e o que concluíram os investigadores.

O incidente

Era 7 de setembro de 2019 quando o Boeing 737-800 registrado sob a matrícula B-1949, operado pela companhia aérea Shanghai Airlines, estava realizando o voo de número FM-829 do aeroporto Shanghai Pudong, na China, para o Gimhae, na Coreia do Sul, com 154 passageiros e 8 tripulantes.

Na chegada ao destino, o piloto efetuava uma aproximação circular em um padrão de curva à direita, tendo sido liberado para pousar na pista 18R, mas, ao final da aproximação pousou na pista 18L. Apesar do sério engano, a aeronave saiu sem incidentes e taxiou até o pátio.

Análise dos investigadores

A aeronave transportava três tripulantes no cockpit. O comandante, de 36 anos e com 10.322 horas de voo totais e 3.991 horas no tipo, estava monitorando os outros dois, sendo eles um piloto que ocupava o assento à esquerda (um comandante auxiliar sem dados disponibilizados) e o primeiro oficial, de 27 anos e com 3.331 horas no total e 3.073 horas no tipo, que era o piloto de voo (PF – Pilot Flying).

O relatório descreve que a aeronave realizou uma aproximação ‘VOR/DME A’ para as pistas 18L/18R e se enquadrou à perna do vento pela direita para a pista 18R, mas o fez muito mais próxima do aeroporto do que o normal. Ao atingir o través da pista na perna do vento, a aeronave foi liberada para pousar na pista 18R.

Afastando-se cerca de 1,5 nm (2,8 km) da cabeceira da pista, a tripulação fez a curva base, mas, já no final do procedimento, cruzou o alinhamento central da pista 18R quando estava a cerca de 700 pés (213 metros) de altura e a 0,8 nm (1,5 km) da cabeceira, alinhando com a pista 18L e efetuando o pouso nesta.

Trajetória padrão (em amarelo) e trajetória do 737 (em verde) – Imagem: ARAIB

A ARAIB descreve que, durante as entrevistas da investigação, a tripulação informou que na curva base a aeronave encontrou uma esteira de turbulência de uma aeronave anterior, portanto, o piloto se concentrou em controlar a atitude da aeronave desestabilizada.

Assim, ele não estava ciente que o Boeing 737 havia cruzado a linha central estendida da pista 18R e estava se alinhando com a pista 18L. Ao avistar as luzes PAPI de indicação do ângulo de planeio, os pilotos não perceberem que se tratavam das luzes da pista errada.

O controlador de tráfego aéreo da Torre chegou a instruir para que a tripulação arremetesse, mas o fez apenas um segundo antes do toque na pista.

Causa e fatores contribuintes

O relatório conclui que a causa provável da ocorrência classificada como “quase acidente” foi:

– A tripulação de voo não conseguiu identificar a pista 18R durante a aproximação e pousou na pista 18L.

Como fatores contribuintes, os investigadores apontam:

– Uma curva para a aproximação final mais apertada do que o padrão, fazendo com que a curva para a pista 18R não fosse concluída a tempo do correto alinhamento;

– As luzes PAPI da pista 18L foram identificadas erroneamente como indicação de ângulo de planeio para a pista 18R;

– Falta de comunicação (CRM deficiente) entre o comandante e o primeiro oficial para lidar com a situação adversa durante a curva base.

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