Ruído do Aeroporto de Jacarepaguá (RJ) é tema de novas reuniões de especialistas

Aeroporto de Jacarepagua – Imagem: Diego Baravelli / CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

O ruído ao redor dos aeroportos de grandes centros é um desafio e um tema cotidiano para os moradores de regiões próximas. Nos últimos meses, a atenção está voltada para o Aeroporto de Jacarepaguá (SBJR), depois de reivindicações, recebidas pelos órgãos responsáveis, da comunidade vizinha e bairros adjacentes sobre ruído aeronáutico.

Após mudanças no tráfego aéreo promovidas em decorrência das reivindicações, novas reuniões recentes de especialistas foram promovidas para avaliar as alterações.

Localizado na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, o aeroporto é vocacionado para a operação de voos visuais, ou seja, sem a utilização de equipamentos de auxílio à navegação.

O trafego aéreo deste aeroporto é de aeronaves de pequeno e médio porte operadas pela aviação geral, além de atividade offshore, ou seja, helicópteros que operam em plataformas de exploração de petróleo e gás fixas ou flutuantes. O aeroporto funciona das 5 horas da manhã até as 10 da noite. Sua capacidade máxima de operação é de 31 movimentos por hora.

Por definição, ruído aeronáutico se refere às operações de circulação, aproximação, pouso, decolagem, subida, rolamento em solo e teste de motores de aeronaves. Segundo o engenheiro Bruno Pereira, representante da Infraero, a organização é responsável pelo Plano Específico de Zoneamento de Ruído (PEZR). A medição é feita por estações de monitoramento de ruídos, que é de responsabilidade do operador aeroportuário.

A Infraero, através de sua Comissão Local de Gerenciamento de Ruído Aeronáutico (CLGRA), elabora anualmente um relatório de gerenciamento de ruído que é apresentado à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), com as principais solicitações que dão entrada pela Ouvidoria, além de medidas pertinentes aos seus limites de competência.

Para mitigar a questão do ruído no entorno do SBJR, foi criado um Grupo de Trabalho (GT) em busca de soluções que atendessem os setores envolvidos, mantendo o nível de desempenho da segurança operacional e do fluxo de tráfego aéreo, que está diretamente associado à vocação do aeroporto.

Fazem parte do GT: o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), o Centro Regional de Controle do Espaço Aéreo Sudeste (CRCEA-SE), a NAV Brasil (empresa responsável pelo tráfego no aeródromo), a Infraero – administração aeroportuária – e representantes de empresas operadoras de helicópteros.

Na semana passada, foram realizadas duas reuniões técnicas no auditório da Infraero, no Aeroporto de Jacarepaguá, com especialistas do DECEA, do CRCEA-SE, da NAV Brasil e do administrador aeroportuário, além da presença da Petrobras e outras operadoras das aeronaves daquela localidade.

O CRCEA-SE, Órgão Regional subordinado ao DECEA, apresentou o histórico da confecção da Carta Aeronáutica Visual (VAC) do aeroporto, desde 2012. Assim, foi possível constatar que a configuração de navegação continua a mesma, ou seja, as aeronaves de asa fixa e rotativa fazem sistematicamente trajetórias idênticas, não houve mudança de rotas.

Em 2015 e 2019, foram feitas atualizações na VAC, sem nenhuma alteração nos portões de acesso ao circuito do tráfego da região. Em agosto deste ano, o DECEA emitiu a Publicação de Informação Aeronáutica (Suplemento AIP) nº 93, com uma alteração significativa para o tráfego aéreo local. O documento informa sobre a elevação na altura que as aeronaves evoluem no circuito de tráfego, o que significa que os procedimentos de voo (pouso e decolagem) são realizados em altitudes mais altas, diminuindo o ruído no entorno.

Enquanto prestador de serviço de navegação aérea, o DECEA tem como princípio essencial “ser reconhecido como referência global em segurança, fluidez e eficiência no gerenciamento e controle integrado do espaço aéreo”.

De acordo com o Chefe da Divisão de Coordenação e Controle do Subdepartamento de Operações do DECEA, Tenente-Coronel Aviador Diego Henrique de Brito, foi consenso entre os envolvidos a mudança no perfil (altitude) da circulação visual.

“Todas as iniciativas do DECEA, feitas de forma colaborativa com órgãos de governo e empresas, são no sentido de encontrar as melhores práticas em prol da sociedade. É um compromisso. Não é à toa que o Brasil ocupa posição de destaque no cenário da aviação mundial, é um reflexo de sua missão de prestar um serviço de excelência, em consonância com as recomendações da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), da qual somos signatários desde 1944”, pontuou.

Informações do DECEA

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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