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Rússia já fala em sequestrar aviões ocidentais e não devolvê-los aos seus donos

Guilhem Vellut, CC BY 2.0, via Wikimedia

No que representaria uma nova escalada das consequências das sanções impostas pelo Ocidente à Rússia após a invasão da Ucrânia, a mídia russa informa que o Ministério dos Transportes está considerando comprar ou nacionalizar os aviões alugados pelas companhias aéreas russas junto a empresas de leasing estrangeiras.

Como parte do pacote de sanções, os arrendadores foram forçados a retirar os aviões das frotas russas por causa das consequências das multas que poderiam enfrentar. De acordo com a rede RBC, ouvida pela Bloomberg, o ministério iria reter os aviões para que as companhias aéreas continuem a operar e também para alocar uma parte como fonte de peças de reposição.

Como reporta o site parceiro Aviacionaline, em média, os grandes arrendadores têm aproximadamente 6-8% de suas frotas totais contratadas para operadoras russas. A AerCap, que atualmente possui 140 aviões, corre o risco de perder US$ 2,5 bilhões em ativos se a ideia de nacionalização for aprovada.

As sanções da UE, dos EUA e do Canadá abrangem uma ampla gama de atividades, desde a prestação de serviços a empresas russas até a realização de transações financeiras que permitem a realização de pagamentos. Muitas empresas ainda estão estudando o que é proibido e o que é permitido, mas medidas muito fortes já foram aplicadas no setor de aviação.

Uma série de proibições recíprocas crescentes impediram a transportadora aérea de bandeira Aeroflot e transportadoras menores, como S7 e Rossiya, de voar para destinos como a UE, os EUA e o Canadá. A Rússia, por sua vez, negou o acesso às principais rotas aéreas em seu território, dificultando os serviços europeus para a Ásia.

A Airbus, Boeing e Embraer declararam que vão suspender o fornecimento de aeronaves, peças de reposição e assistência a clientes russos, enquanto a divisão de manutenção Technik da Deutsche Lufthansa AG – uma das maiores do mundo – interrompeu seus serviços naquele país.

Segundo a Bloomberg, a medida permitiria continuar operando internamente e em mercados internacionais que não fecharam suas fronteiras. Entre eles, Turquia e China, além do Sudeste Asiático.

A médio prazo, a estratégia de confisco deve ser complementada com o fornecimento de peças de contrabando ou de engenharia reversa, aproveitando sua importante capacidade industrial. Mas à medida que as peças perdem a rastreabilidade, a aeronave perderia a aeronavegabilidade e as autoridades aeronáuticas terão que se permitir uma certa frouxidão – à custa da segurança operacional – ou manter um controle rígido e impedir a operação.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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