
O governo russo tem feito uma forte campanha para desinformar o público das causas que levaram à derrubada do jato Embraer da Azerbaijan Airlines (AZAL).
Em uma reportagem publicada nesta quinta (26), o portal estatal de notícias RIA Novosti, cita que a agência de notícias irmã Sputnik entrevistou o Ministro de Transportes do Cazaquistão, Marat Karabaev.
Segundo a publicação, Karabaev afirmou que um cilindro de oxigênio explodiu antes do jato E190 da AZAL cair próximo ao Mar Cáspio, quando ainda sobrevoava o território russo. O ministro cazaque teria afirmado isso se baseando no fato de que pessoas começaram a perder a consciência ainda em voo (que poderia ser possível em caso de uma despressurização lenta).
No entanto, os fatos presentes até agora indicam que o dano veio de fora, provavelmente por um míssil terra-ar disparado por uma bateria antiaérea Pantsir.
Outro fato é que a AZAL não falou nada sobre a presença de um cilindro de oxigênio na aeronave, e o ministro cazaque não deu nenhuma declaração sobre o caso abordando possíveis causas, não sendo possível comprovar de maneira independente se de fato ele falou sobre o cilindro de oxigênio em algum momento.
Em outra publicação, citando a nota oficial divulgada pela Azerbaijan Airlines nesta manhã de sexta (26), a também estatal TASS adicionou uma palavra na declaração oficial, modificando a frase de “impactos externos físicos e técnicos” para “impactos externos físicos e mecânicos”, tentando criar uma narrativa que problemas mecânicos, sejam por uma alegada má manutenção ou por alguma suposta falha de projeto, causaram a queda da aeronave.
Em outra declaração mais recente, a Rússia disse que está totalmente alinhada com a investigação do acidente e culpou a Ucrânia pela derrubada da aeronave, dizendo que o inimigo estava atacando civis na cidade de Grozny, na Chechênia, no momento em que o Embraer E190 foi atingido.
Uma campanha de desinformação similar foi feita quando o Boeing 777 da Malaysia Airlines foi derrubado em 2014, durante a primeira invasão de forças russas na Ucrânia. Na época, Moscou alegou que o míssil foi disparado por uma bateria ucraniana, apesar de imagens de câmeras de trânsito da cidade do ocorrido mostrarem uma bateria do mesmo modelo vinda da Rússia em uma carreta dias antes do abate e indo embora um dia depois.