Ryanair poderá concorrer à compra da marca Alitalia apenas para prejudicar a ITA

Imagem: Bene Riobó / CC BY-SA 4.0, via Wikimedia

O governo italiano colocou à venda na sexta-feira (17) a marca “Alitalia – Società Aerea Italiana SpA”, com um preço inicial de 290 milhões de euros (equivalentes a R$ 1,7 bilhão) mais IVA e encargos adicionais. Gabriele Fava, Giuseppe Leogrand e Daniele Umberto Santosuosso, os três curadores extraordinários da marca, publicaram o edital de venda, onde poderão concorrer pessoas físicas ou jurídicas de qualquer nacionalidade.

De acordo com o edital, a empresa apresentada deverá ter ativos não inferiores a 200 milhões de euros e ser titular de licença de exploração de transporte aéreo ou de operador de aeronave, reporta nosso parceiro Aviacionline.

Serão três etapas, com intervalo de duas semanas. A primeira será o prazo até à meia-noite do dia 30 de setembro para envio das candidaturas de admissão ao concurso das diferentes empresas interessadas. Só serão aceitas propostas vinculativas iguais ou superiores ao lance mínimo e, se não forem apresentadas propostas que cumpram os requisitos, devem passar à fase seguinte com valor inferior ao oferecido pelos auditores. Se a segunda tentativa também falhar, a marca será vendida sem obstáculos processuais para a operadora interessada.

Entre os concorrentes está a Italia Transporto Aereo (ITA), a nova empresa pública que substituirá a antiga Alitalia a partir de 15 de outubro. 

A ITA vai comprar?

O ITA está disposta a pagar a oferta inicial, mas não a pagar a mais para levar o nome “Alitalia”. A empresa parte de um orçamento de 700 milhões de euros. Se não conseguir adquirir a marca, comprometeria tecnicamente o seu início previsto para 15 de outubro, já que não poderá usar o nome “Alitalia” e terá que mudar a pintura de seus 52 aviões.

A Ryanair pode entrar no certame. Michael O’Leary, CEO da low cost, declarou que “não consideramos necessário. Já somos conhecidos na Itália, não precisamos desse nome. Só participaríamos para levantar o preço que a ITA deveria pagar por isso”.

O edital declara que a marca não deve ser utilizada de forma contrária à lei ou ordem pública e, em qualquer caso, a marca “Alitalia” não deve ser utilizada para atividades ou formas de comunicação que possam prejudicar a imagem de qualquer estado-membro da União Europeia, que inclui os setores da economia, cultura, turismo e transportes.

O depósito inicial de compra da marca será de 40 milhões de euros, para o garantir.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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