Ryanair reclama de taxa e manda ministro da Hungria ‘ler livro de economia para novatos’

Divulgação – Ryanair

A Ryanair entrou numa disputa com o governo da Hungria referente a um novo imposto que será cobrado das empresas aéreas que ali operam, e que foi anunciada pelo primeiro-ministro Viktor Orban no final de maio. Para a aérea, a nova cobrança foi considerada “injustificada, errada e ilógica”. Após polemizar o assunto, a companhia passou a ser investigada por autoridades húngaras de proteção ao consumidor

Segundo a nova regra, as companhias aéreas deverão repassar ao governo um valor de 10 a 25 euros por passageiro que parte da Hungria, a contar a partir de julho. Diante disso, a Ryanair já avisou que repassará esse custo aos viajantes, reportou a Bloomberg. A empresa aérea também provocou e disse que o ministro húngaro deveria ler um livro de “economia para novatos”.

Curiosamente, no anúncio da criação da taxa, o primeiro-ministro declarou que novos impostos seriam cobrados de “bancos, seguradoras, grandes redes de varejo, empresas de energia e comércio, empresas de telecomunicações e companhias aéreas para combater os aumentos de preços atribuídos à guerra na vizinha Ucrânia, bem como para financiar mais gastos com defesa”. Na prática, a taxa aumenta a arrecadação do estado, mas não ficou claro qual seria sua contribuição para reduzir a inflação.

A proclamação veio um dia depois que Orban introduziu um estado de emergência citando as mesmas razões. O dinheiro arrecadado irá para dois fundos, explicou – um para fortalecer o exército, o outro para impor tetos de preços nas contas de energia e água. A “política de sanções de Bruxelas” levou ao aumento dos preços, afirmou, que, juntamente com as altas taxas de juros, “estão dando lucros extras aos bancos e grandes multinacionais”.

Ryanair responde

Em um comunicado em 8 de junho, a Ryanair argumentou que a medida “prejudicará irreparavelmente o turismo, a conectividade, o tráfego e os empregos húngaros”. Um novo imposto sobre o setor aéreo é “mais que estúpido“. O imposto “inadequado e imprudente compara inexplicavelmente a indústria da aviação deficitária com empresas de petróleo e energia extremamente lucrativas [e] instantaneamente tornou a Hungria pouco competitiva e menos atraente para companhias aéreas e turistas”, disse a aérea. A Ryanair será, consequentemente, “forçada a transferir a capacidade de crescimento para os países que estão trabalhando para restaurar o tráfego”, complementou.

Em 14 de junho, a Ryanair pediu ao governo que explicasse por que as companhias aéreas estão cobrando uma taxa extra “para ‘proteger as famílias húngaras’ enquanto relatam perdas recordes”; por que “famílias e visitantes húngaros são solicitados a pagar tarifas mais altas”; e “como o aumento dos impostos sobre viagens aéreas ‘ajuda’ as famílias húngaras? Este não é um imposto de ‘excesso de lucros’, é apenas um roubo”, disse a empresa.

E complementou: “A Ryanair está satisfeita com a proposta de investigação dos órgãos de proteção ao consumidor e pede à Câmara Municipal de Budapeste que estenda esta investigação para investigar como o governo húngaro está introduzindo um imposto de ‘excesso de lucros’ em uma indústria deficitária como a das companhias aéreas. Enquanto as companhias aéreas deficitárias estão tentando se recuperar do Covid e da invasão da Ucrânia pela Rússia, a última coisa que nós ou passageiros precisamos é de um imposto. Talvez o ministro Nagy possa explicar por que esse imposto idiota está sendo colocado agora”.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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