Saab fica sem parceiro local para construir o caça Gripen na Índia

Foto: SAAB

A Saab é uma das sete empresas aeroespaciais que competem no programa MRFA para fornecer 114 aeronaves de combate multifuncionais para a Força Aérea Indiana (IAF). Conforme relatado pelo site Business Standard, a empresa aeroespacial e de defesa sueca, que havia assinado um acordo de colaboração com o Grupo Adani para fabricar o caça Gripen E na Índia, declarou que não iria mais prosseguir com o referido acordo.

“Decidimos não prosseguir com o acordo com os Adanis”, disse Mats Palmberg, presidente e CEO da Saab Índia, em entrevista coletiva em Nova Délhi na segunda-feira, como detalha o Aviacionline.

A Saab e o Grupo Adani anunciaram sua parceria em 31 de agosto de 2017. O acordo entre os dois entraria em vigor se a Saab fosse selecionada como parceira estrangeira para fornecer o caça Gripen E.

Além da Saab, competem a Boeing com seus F/A-18E/F Super Hornet e F-15EX (EUA); Lockheed Martin com seu F-21 (EUA); Dassault com o Rafale (França); Eurofighter Typhoon (Europa); e dois caças da Rússia: o MiG-35 e o Sukhoi-35.

Questionado sobre com quem a Saab faria parceria para construir o Gripen E na Índia, Palmberg disse que, desde que a Índia permitisse que a Saab possuísse 74% da entidade de fabricação – o que era permitido sob o limite de investimento estrangeiro direto na fabricação aeroespacial e de defesa – optaria por construir os caças em uma empresa em que pudesse ter essa participação, sem dar mais detalhes.

O Ministério da Defesa emitiu um pedido de informações e está avaliando as respostas dos fabricantes. O próximo passo do ministério será redigir uma aceitação de necessidade e, em seguida, emitir um pedido de proposta.

O concurso MRFA, ou o MMRCA 2.0

A Força Aérea Indiana lançou em 2007 uma licitação internacional para a aquisição de 126 aviões de combate multifunção de peso médio (programa MMRCA), para equipar oito esquadrões, de modo a retirar do serviço ativo uma grande variedade de modelos de aeronaves que foram rapidamente aproximando-se da obsolescência. No entanto, após anos de reviravoltas, o processo foi cancelado em 2015 e decidiu-se comprar 36 caças Rafale diretamente da Dassault, para cobrir as necessidades mais urgentes.

No entanto, isto deixou a IAF com um grave deficit de aviões de caça, o que obrigou ao lançamento de um novo concurso internacional em 2018 para 114 caças de 4.5 geração, agora no âmbito do programa MRFA (Multi Role Fighter Aircraft).

A oferta da Saab

De acordo com o subsite “Gripen for India” da Saab, se a Índia escolher o Gripen, a Saab construirá 96 das 114 aeronaves necessárias para a Força Aérea Indiana na base industrial proposta na Índia. Isso significaria a criação de inúmeros empregos de alta tecnologia no país. A Saab oferece um alto grau de customização em seus Gripens, permitindo que a Índia integre os sistemas de armas e aviônicos de fabricação nacional de sua  escolha.

A oferta da Saab é desenvolver uma base industrial independente que possa projetar, desenvolver, produzir, atualizar e manter o sistema Gripen, indo além de apenas construir subcomponentes com parceiros indianos. Mas, além do Gripen, essa base também oferecerá suporte tecnológico a programas de caças indianos, como o Light Combat Aircraft (LCA) MK2 e o Advanced Medium Combat Aircraft (AMCA).

Por enquanto, a Saab terá que buscar uma alternativa à parceria com o Adani Group, que os posicionará melhor para concorrer na licitação indiana.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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