Sanduíche de presunto servido no lanche leva comissário de voo a processar sua própria empresa aérea

Imagem: formulanone / CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

A empresa aérea americana Delta Air Lines, uma das maiores do mundo, está no centro de uma polêmica após um comissário de bordo afirmar ter sido alvo de discriminação e antissemitismo por parte da companhia.

Como informa o PYOK, com base nos autos do processo, o funcionário, Sasi Sheva alega que teve sua solicitação de alimentos vegetarianos ignorada e que, em vez disso, foi servido um sanduíche de presunto durante um intervalo para refeição. Judeus, no entanto, não podem comer carne de porco.

Essa suposta insensibilidade ocorre em um contexto em que Sheva já havia solicitado que a empresa o deixasse comprar alimentos que atendessem suas necessidades religiosas.

Na última semana, Sheva protocolou uma ação judicial de 21 páginas em um tribunal distrital de Nova York, na qual afirma que a Delta está “intencionalmente discriminando e retaliando” funcionários de origem judaica, hebraica e israelense, com base em sua raça e ascendência. Ele trabalha como comissário de bordo para a companhia há dois anos e meio, a partir da base no aeroporto JFK, em Nova York.

De acordo com a queixa, o padrão de discriminação teria começado em julho de 2022, quando a escala de Sheva foi alterada inesperadamente durante um voo. Mesmo com o transporte organizado pela Delta diretamente do hotel para o avião, ele afirma que as gerências se negaram repetidamente a permitir que ele comprasse um lanche vegetariano em uma das lojas do aeroporto, forçando-o a consumir o que a Delta oferecia.

O descaso da companhia se agrava com o fato de que, mesmo sabendo que Sheva é judeu, a refeição fornecida a ele consistia em um sanduíche de presunto, desconhecendo seus valores dietéticos religiosos.

Meses depois, Sheva tentou garantir folga no dia de Yom Kippur — a data mais sagrada do calendário judaico, marcada por jejum e orações em sinagogas — fora de sua escala. Após um processo formal para solicitar a acomodação religiosa, ele afirma que a Delta rejeitou seu pedido sem justificativa clara, alegando que isso comprometeria o sistema de senioridade da empresa.

Sheva também relatou que seu tempo na Delta tem sido marcado por acidentes, incluindo um episódio em que um ônibus do hotel no qual ele estava envolveu-se em um acidente e outro onde sua mala ficou presa em um cinto de segurança, resultando em uma queda. Após essas ocorrências, ele foi submetido a tratamento médico, mas, segundo ele, a Delta teria adotado comportamentos de assédio e tentativas de menosprezar suas lesões.

Além disso, o comissário de bordo definiu que vem sendo retaliado por levantar preocupações relativas ao trabalho, com gerentes confrontando-o após longas jornadas e removendo-o de voos sem autorização. A empresa não comentou o caso ao PYOK.

Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Com uma paixão pelo mundo aeronáutico, especialmente pela aviação militar, atua no ramo da fotografia profissional há 8 anos. Realizou diversos trabalhos para as Forças Armadas e na cobertura de eventos aéreos, contribuindo para a documentação e promoção desse campo.

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