O segredo que a NASA escondeu sobre a pista do aeroporto da Ilha de Páscoa

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Foto de Jialiang Gao, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia

A Ilha de Páscoa é um lugar exótico que figura no imaginário e na lista de desejos de viagem de muitos turistas ao redor do mundo, sedentos por conhecer os mistérios de Rapa Nui e suas misteriosas figuras de pedra, os moais, esculpidas séculos atrás pelos habitantes indígenas polinésios do local.

Hoje em dia, para chegar lá, a única forma é de avião, já que o ponto continental mais próximo encontra-se no Chile, perto da cidade de Concepción, a nada menos do que 3.512 quilômetros de distância. Como se nota, a distância obriga a voos de longo alcance, feitos por aeronaves de grande porte que, por sua vez, demandam uma extensão razoável de pista para decolarem.

3.318 metros

Mas isso não é um problema. As aeronaves dos voos regulares da Latam Airlines, ou de fretamentos de outras companhias, contam com a pista de 3.318 metros de asfalto do aeroporto internacional Mataveri, que está a uma altitude de apenas 69 metros em relação ao nível do mar. Um comprimento que permite a qualquer jato de grande porte uma decolagem segura.

O curioso dessa história, e que adiciona um ingrediente a mais à misteriosa ilha, é que a grande pista de pousos e decolagens não tem esse tamanho por causa do turismo. Na década de 1960, apenas uma pequena quantidade de afortunados ou pesquisadores conseguiam chegar ao local, numa curta pista construída pelos Estados Unidos, que usavam o local como uma base militar.

Anos mais tarde, em 1987, um projeto da NASA alongou a pista e permitiu que jatos de grande porte usassem o aeroporto, o que impulsionou ainda mais o turismo na ilha. O projeto, porém, não visava aos viajantes e, sim, ao programa espacial norte-americano.

Foto Google Maps

Isso ocorreu porque o aeroporto foi designado como local de pouso para o ônibus espacial quando os voos orbitais polares da Base da Força Aérea de Vandenberg, no sul da Califórnia, foram planejados. A Ilha de Páscoa seria um possível local de pouso em caso de voos abortados, um processo chamado de Transoceanic Abort Landing (TAL). O campo de pouso, porém, jamais precisou ser usado por uma nave espacial.

Hoje, obviamente, nada mais disso é um segredo.

Imagem por GCMaps

ETOPS

O local também é interessante porque sua localização extremamente isolada o torna a única alternativa ETOPS disponível para voos da América do Sul para o Pacífico Sul, incluindo Austrália e Nova Zelândia. Isso inclui os voos da Latam e também foi um ponto de segurança para voos da Qantas e da Air New Zealand por algum tempo.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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