Sem a Rússia, Brasil se torna o 3º maior centro de engenharia da Boeing

A invasão da Ucrânia pela Rússia acabou mudando a drasticamente a conjuntura e os negócios da Boeing, com impacto direto no Brasil.

Como o AEROIN vem acompanhando nos últimos meses, a Boeing tem avançado agressivamente no Brasil. A abertura de um escritório em São José dos Campos, terra-natal da Embraer e berço da engenharia aeroespacial brasileira, e a contratação massiva de mão-de-obra, incomodou não apenas a fabricante local, mas fornecedores e empresas de defesa, que estão processando a americana.

Outrora uma potencial parceira de negócios, a Boeing passou a ser concorrente da Embraer no que diz respeito a contar com alguns dos melhores engenheiros-aeronáuticos do país. Com pacotes agressivos de compensação, não tem sido difícil para os americanos atraírem importantes talentos.

Essa expansão no Brasil se origina por um problema global. “Estamos definitivamente numa guerra por talentos na engenharia, tanto no mercado doméstico como global”, afirmou Bill Dugovich, um dos porta-vozes da Boeing.

Um motivo elencado é a alta demanda do setor militar causado pela invasão da Ucrânia, que também obrigou a Boeing a fechar seu escritório em Moscou, que existia desde o início da década de 1990 e trabalhava com estruturas básicas de grandes projetos como o 747-8.

Segundo documentos internos obtidos pelo jornalista Dominic Gates do Seattle Times, a empresa transferiu em torno de 16% do trabalho que era feito na Rússia para seu escritório em São José dos Campos.

Atualmente, o Brasil é o 3º maior escritório de engenharia da Boeing com 355 pessoas empregadas. Ele fica somente atrás da Índia com 1.106 engenheiros e o próprio EUA, onde mais de 14 mil pessoas trabalham, principalmente nos estados da Califórnia, Washington e Carolina do Sul.

No entanto, os números no Brasil crescem acima da média, já que no último mês de novembro, dos 50 novos engenheiros da Boeing no mundo, metade foram contratados no Brasil.