Sem acordo, Latam Brasil sinaliza demissão em massa de mais 2.700, diz CUT

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Segundo matéria de hoje da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT-SP), nos bastidores de uma das maiores companhias aéreas da América Latina, a Latam Airlines, há rumores sobre a possibilidade de demissão em massa caso os trabalhadores não aceitem a proposta da empresa de redução permanente dos salários. Outras companhias aéreas, como Azul e Gol, fizeram acordo de redução só durante a pandemia do novo coronavírus.

Em votação online organizada pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), entre os dias 23 e 27 de julho, 89,3% dos comandantes rejeitaram proposta da Latam Airlines Brasil de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que previa redução permanente nos salários. Entre os comissários, 88,6% votaram contra e, entre os copilotos, o percentual de votos contrários foi de 88,9%.

Em relatos feitos à reportagem da CUT São Paulo, tripulantes da companhia aérea que não quiseram se identificar, disseram que a empresa chegou a falar em 2,7 mil dispensas caso a proposta não seja aceita imediatamente.

Tripulantes da companhia afirmam se sentir injustiçados com a proposta e a forma como a empresa tem tratado a negociação, uma vez que aceitaram sair de licença não remunerada no início da pandemia como forma de ajudar no enfrentamento à crise.

Uma nova assembleia da categoria, organizada pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas, está prevista para ocorrer nesta sexta-feira, 31, quando os trabalhadores decidirão se aceitam ou não negociar um acordo coletivo com mudanças permanentes no modelo de remuneração, que terá a mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

A Latam insiste em fechar duas propostas de uma única vez: uma que está alinhada ao que foi aprovado pelas concorrentes, com salários e benefícios temporários que valeriam até dezembro de 2021, e outro acordo, com início em 2022, que instituiu nova remuneração, com exclusão do pagamento da diária, que pode ser até 60% a menos do que é hoje.

Os tripulantes da companhia aérea comentam sobre a insegurança na empresa. “Estamos psicologicamente exaustos porque as manobras e ameaças estão constantes. A empresa quer a todo custo suprimir benefícios e reduzir nosso salário de forma permanente para um problema (coronavírus) que é temporário”, diz um comissário da companhia.

“O clima é tenso e a apreensão é grande entre a tripulação. Nos vemos numa encruzilhada. Se aceitamos a proposta oportunista e ultrajante da empresa, mantemos nossos empregos, mas degradamos a categoria para sempre. Se seguimos negando qualquer alteração permanente, corremos o risco de ser demitidos. É uma escolha difícil de ser tomada”, completa o trabalhador.

Os funcionários da companhia contam que nesse período de operações reduzidas, a escala entre eles já provocou uma redução nos custos da empresa, pois muitos estão trabalhando somente 10 dias no mês. Uma parte segue em licença voluntária e outros sequer conseguem retornar, pois perderam o certificado de habilitação técnica, documento que é cancelado quando o tripulante fica 120 dias sem voar.

Em nota divulgada à imprensa, a Latam tem afirmado que a proposta busca minimizar os impactos econômicos causados pela pandemia, além de garantir a sustentabilidade da empresa no longo prazo. Sobre a diferença nos acordos apresentados pela Gol e Azul, a Latam diz que suas operações são majoritariamente internacionais, o que faz com que as negociações sejam diferentes.

Para outro entrevistado que atua dentro da companhia, a expectativa é que a proposta de redução salarial seja recusada na assembleia desta semana. “Acredito e espero que todos votem “não”. Esse não é o momento de ser negociado uma proposta permanente que entrará em vigor só daqui a 17 meses, e uma proposta onde claramente a empresa quer usar a crise como justificativa para diminuir nosso salário e tirar direitos conquistados pela categoria”, conclui.

Nota da LATAM

A LATAM continua em negociação com o Sindicato dos Aeronautas e já aprovou uma contraposta temporária apresentada por este Sindicato.  A Latam aguarda até sexta-feira – 31/7/2020 uma contraproposta para o modelo de remuneração definitiva.

A pandemia do COVID-19 representa a maior crise de saúde pública da história, que afeta drasticamente toda a indústria mundial da aviação. A LATAM é a maior e mais antiga das três empresas que atuam no Brasil e é a que mais remunera os tripulantes em voos domésticos e internacionais.

A empresa sempre esteve aberta ao diálogo e segue buscando, por intermédio de um novo Acordo Coletivo de Trabalho, formas de minimizar os impactos econômicos e principalmente os sociais causados por esta pandemia sem precedência. Não se trata de oportunismo e sim de uma necessidade de equiparar seu modelo atual de remuneração às práticas do setor, haja visto, que  historicamente, esta pauta tem sido objeto de negociação da empresa e a atual crise da pandemia torna esta medida ainda mais imprescindível para a LATAM poder preservar ao máximo os empregos e a sua sustentabilidade no longo prazo.

Com informações da CUT-SP

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Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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