Sem poder voar reto, jato Embraer faz círculo quase completo para chegar ao destino

Foto de Robin Webster, sob licença Creative Commons.

Na última semana, um voo da Belavia, companhia aérea nacional da Bielorrússia, teve que dar uma grande volta para chegar até Kaliningrado, enclave russo no meio da Europa, localizado entre a Polônia e a Lituânia. Naturalmente, o desvio foi necessário devido às sanções colocadas sobre as empresas aéreas bielorrussas, país que tem adotado práticas controversas, além de apoiar a Rússia na guerra da Ucrânia.

Círculo

Como se observa no mapa, o voo tinha tudo para ser curto, com cerca de uma hora de duração, para cobrir os 463 quilômetros de distância da rota em linha reta. No entanto, por estar proibida de voar nos espaços aéreos báltico e polonês, a empresa aérea precisou recorrer a uma rota alternativa, voando por águas internacionais, o que resultou num círculo quase completo.

Com isso, o avião teve que dar uma enorme volta pelo Mar Báltico, contornado os países europeus, antes de aproximar para pouso no território russo. O tempo total da rota triplicou, chegando a 2 horas e 50 minutos. O voo foi realizado pelo jato Embraer E195 E1 de marca EW-514PO, como mostra a imagem do Radarbox, abaixo.

Uma aérea sancionada

As sanções sobre a Belavia não são de agora. No ano passado, a União Europeia resolveu impor restrições na empresa estatal depois que a Bielorrússia forçou um Boeing 737 da Ryanair a fazer um pouso não programado em Minsk para prender um jornalista antigoverno. Como isso aumentou muito a rota de voo e o custo, a Belavia tinha parado de voar regularmente para Kaliningrado.

Desde então, Kaliningrado seguiu contando com um voo partindo de Minsk, mas operado pela empresa russa Nordwind. Com a invasão da Ucrânia e as sanções sobre as aéreas russas, o enclave perdeu uma série desses voos regulares, que se tornaram inviáveis economicamente. Eis que agora, num novo movimento, a Belavia anunciou que retoma o voo regular, três vezes por semana.

Dada sua posição geográfica e o bloqueio do tráfego de caminhões em suas fronteiras, Kaliningrado está totalmente isolado, contando com abastecimento apenas por via aérea ou marítima, sempre com rotas ultra longas, como no exemplo da Belavia.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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