A Aerolíneas Argentinas anunciou que os assentos na Classe Executiva para seus pilotos não estarão mais disponíveis, decidindo rebaixar a categoria dos assentos gratuitos que eram acessíveis tanto para os pilotos quanto para suas famílias.
Conforme o Aviacionline, a medida foi divulgada nesta terça-feira e provocou descontentamento na Associação de Pilotos da Aeronáutica (APLA), um dos grupos em conflito com a companhia devido à demanda por ajustes salariais.
Fontes da empresa afirmaram que “não existe esse benefício para pilotos em toda a indústria”. A nova regra estabelece que os pilotos terão assentos confirmados na Classe Econômica e poderão solicitar um upgrade para a Classe Executiva apenas se houver disponibilidade. Anteriormente, os pilotos tinham o “direito” de garantir um assento na Classe Executiva para si e suas famílias, uma prática que agora foi alterada.
A Aerolíneas Argentinas justificou a mudança argumentando que a Classe Executiva é o produto mais lucrativo da aeronave, com um prazo de compra reduzido. Os pilotos podiam reservar seus assentos com até 45 dias de antecedência, obrigando a companhia a confirmar um lugar na Classe Executiva dentro de três dias após a solicitação. Esse sistema resultava em bloqueios de toda a Classe Executiva, impedindo a venda de bilhetes e causando à companhia perdas milionárias.
A empresa continuará a oferecer passagens gratuitas para funcionários e suas famílias na Classe Econômica, que poderão solicitar um upgrade para a Classe Executiva no aeroporto, dependendo da disponibilidade.
A APLA considerou essa nova medida como uma violação do Acordo Coletivo de Trabalho (CBA), afirmando que “a Aerolíneas Argentinas decidiu violar ainda mais nosso CBA: unilateralmente, não confirma mais passagens de férias na Classe Executiva, fazendo isso na Classe Econômica, com upgrades somente disponíveis no aeroporto se houver espaço”.
O sindicato também assinalou que essa ação é “uma nova provocação com o objetivo de escalar o conflito, mais uma vez violando o CBA”. A APLA afirmou que, além de registrar as reclamações pertinentes, continuarão a lutar pelos seus direitos e por compensações justas.
Além disso, fontes da Aerolíneas Argentinas indicaram que, em um voo recente, 10 pilotos e suas famílias viajaram na Classe Executiva, ocupando quase todos os 18 assentos disponíveis nesse voo. Dependendo do tipo de aeronave, a Classe Executiva da Aerolíneas em voos internacionais possui 18, 22 ou 24 assentos, o que representa aproximadamente 5.000 passagens por ano, com um valor médio de $4.000 por bilhete, resultando em uma perda anual de 20 milhões de dólares para a companhia.
A comunicação da empresa sobre a mudança ocorreu no mesmo dia em que pilotos, juntamente com comissários de bordo e trabalhadores da Intercargo, anunciaram uma greve de 24 horas, que começará na próxima sexta-feira ao meio-dia.
Essa combinação de ações evidencia um aumento nas tensões entre a companhia aérea e seus funcionários, deixando um cenário de incerteza quanto ao futuro das operações e relações trabalhistas na Aerolíneas Argentinas.