Sobe para mil o número de passageiros banidos por não uso de máscara nos EUA

Passageiros usam máscaras no Hartsfield-Jackson Atlanta International Airport IMAGEM: Chad Davis via Wikimedia

Apesar da ausência de uma regulamentação federal, as companhias aéreas norte-americanas estão jogando duro para exigir o uso da máscara facial como item de segurança contra o novo coronavírus. As principais companhias aéreas dos Estados Unidos divulgaram que quase mil passageiros já foram banidos de suas operações por desrespeitar a política de proteção facial.

No último levantamento, divulgado em setembro pela imprensa norte-americana, o total de banimentos se aproximava de 700. Pouco mais de um mês depois, esse número cresceu quase 30% em todo o país. De acordo com o telejornal ABC News, do canal ABC, somente a Delta Airlines já adicionou 460 nomes às suas listas de exclusão aérea por se recusarem a cumprir a regra de usar máscaras durante os voos. A informação está em um memorando divulgado aos funcionários assinado pelo do CEO da empresa, Ed Bastian, ao qual a equipe do jornal teve acesso em 25 de outubro.

O jornal lembra que as listas de banimento aéreo eram, antes da pandemia, quase que exclusividade de suspeitos de terrorismo e outros crimes. No entanto, a Delta anunciou em julho que iria banir qualquer passageiro que não cumprisse com sua exigência de máscara facial. A política se estende a aeroportos, check-in, toda a duração do voo, desembarque e retirada de bagagem, independentemente do aeroporto em que atende.

As demais companhias americanas também seguem firme em oferecer segurança aos passageiros com regras rígidas para o uso de proteção facial. A American Airlines, a United Airlines, a Spirit, a Frontier Airlines, a Alaska Airlines e a Hawaiian Airlines também baniram passageiros por violarem suas políticas de uso de máscara.

De acordo com o jornal Los Angeles Times, apenas United proibiu 150 passageiros de voar com a companhia aérea entre o início da pandemia e setembro, sempre em razão de recusa à orientação. A low-cost Spirit já vetou 128 pessoas, seguida pela Frontier, com 106, a Alaska Airlines, com 78 banimentos e Hawaiian Airlines, com seis proibições.

Atritos

Várias companhias aéreas tiveram vídeos de passageiros irados que se tornaram virais depois de serem removidos à força de aviões por não atenderem a vários pedidos de uso de máscara facial. Também há casos de tumultos mais intensos e até agressões contra tripulantes e outros passageiros.

No dia 24 de outubro, a partida de um voo da Delta de Detroit para Las Vegas foi atrasada em 90 minutos porque um passageiro se recusou a colocar a máscara. Em 19 de outubro, uma comissária de bordo da Delta foi atingida no rosto por uma passageira que supostamente se recusou a usar máscara em um voo de Miami a Atlanta.  Em julho, um voo da Delta de Detroit para Atlanta estava taxiando para decolar quando um confronto estourou entre dois viajantes que se recusaram a usar máscaras. O piloto retornou ao portão para expulsar os encrenqueiros do avião.

Também há relatos de intolerância e acusações de desrespeito de funcionários de companhias aéreas em determinadas situações. Em setembro, uma mãe e o filho de dois anos foram expulsos de um voo da American Airlines porque a criança se recusou a usar máscara. No final de agosto, uma mãe e suas seis crianças foram retiradas de um voo da JetBlue Airways porque a menina de dois anos não quis usar a proteção. A empresa também já baniu um passageiro porque ele informou estar com coronavírus apenas após o desembarque.

Em junho, a Association of Flight Attendants-CWA , um sindicato que representa mais de 50.000 membros, pediu ao governo federal que obrigasse os passageiros a usarem coberturas faciais em todos os voos, observando na época que mais de 350 comissários de bordo haviam contratado COVID-19 e alguns morreram. Uma regulamentação nacional também evitaria conflitos dentro das diversas políticas adotadas por cada empresa. No entanto, tanto a FAA quanto o presidente Donald Trump se posicionaram contra a medida. Já o candidato Joe Biden disse que vai regulamentar a questão, caso eleito.

Fabio Farias
Fabio Farias
Jornalista e curioso por natureza. Passou um terço da vida entre aeroportos e aviões. Segue a aviação e é seguido por ela.

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