Três homens são suspeitos em caso de desvio forçado de avião para prisão de opositor do governo bielorrusso

Imagem: Frank Vincentz, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons

Três cidadãos bielorrussos foram nomeados como suspeitos na investigação sobre a forçada aterrissagem do voo FR-4978 da Ryanair em 2021. A informação foi divulgada pelo Gabinete do Procurador-Geral da Polônia e repercutiu em toda imprensa europeia. O caso é emblemático, pois resultou em sanções europeias sobre a aviação bielorrussa.

O incidente ocorreu em 23 de maio de 2021, quando a força aérea bielorrussa interceptou o avião comercial e obrigou o voo, que seguia de Atenas a Vilnius, na Lituânia, a pousar em Minsk, capital bielorrussa, sob alegação de que havia recebido um aviso de bomba a bordo.

Durante a operação, as autoridades da Bielorrússia detiveram o ativista opositor Raman Pratasevich e sua namorada Sofia Sapega, enquanto os demais passageiros e membros da tripulação foram liberados após longas horas de espera.

Os alvos da investigação incluem figuras de destaque nas esferas de segurança e navegação aérea da Bielorrússia: Leonid C., ex-chefe da Agência de Navegação Aérea da Bielorrússia; Evgenia T., chefe do controle de tráfego aéreo de Minsk; e Andrei A. M., chefe do KGB bielorrusso.

Esses indivíduos enfrentam acusações de detenção ilegal das 132 pessoas a bordo da aeronave, com a finalidade de intimidar opositores do governo bielorrusso.

As autoridades polonesas já fizeram solicitações para a emissão de Mandados de Prisão Europeus e buscam a cooperação da Interpol, uma vez que os suspeitos não estão em território polonês. A investigação contou com a colaboração de entidades da Lituânia e da Polônia, coordenada pela Eurojust.

As evidências reunidas incluem inspeções das aeronaves, gravações de áudio, depoimentos de testemunhas e dados técnicos dos gravadores de voo. Investigadores sustentam que os serviços de segurança bielorrussos teriam fabricado uma ameaça de bomba para justificar a aterrissagem da aeronave e a consequente prisão dos opositores.

Considerado um “ato de natureza terrorista” pelas autoridades lituanas, o incidente gerou uma onda de indignação internacional e resultou em investigações por parte de oficiais da Lituânia e da Polônia. A Europa colocou sanções sobre as empresas aéreas bielorrussas e impede qualquer voo daquela nação para a União Europeia.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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