Tribunal russo manda prender ex-executivo da Aeroflot à revelia

Um tribunal de Moscou emitiu uma ordem de prisão contra Andrey Panov, ex-Vice-Diretor de Estratégia e Marketing da Aeroflot. O ex-executivo, que deixou a Rússia no início de março, disse que sofre de perseguição política por suas declarações sobre a guerra na Ucrânia.

Formalmente, na justiça, Panov foi acusado nos termos da Parte 4 do artigo 159 do Código Penal, que abrange fraudes cometidas por um grupo organizado ou em grande escala, cuja pena máxima é de dez anos de prisão. A acusação está relacionada a suposta corrupção num contrato da transportadora de bandeira, assinado com a consultoria americana Bain & Company por US$ 3,2 milhões, disse uma fonte à RBK TV.

Panov, que antes era sócio da Bain & Company em Moscou, participou da criação da estratégia do Aeroflot Group, que também inclui as empresas aéreas Pobeda e Rossiya. A estratégia foi aprovada em 2020 e previa um aumento do tráfego de passageiros do grupo de 60,7 milhões para 130 milhões de passageiros até 2028.

O caso contra ele está sendo tratado pelo departamento de transporte do Ministério de Assuntos Internos da Rússia, e a agência de notícias Interfax foi informada que ele havia sido “colocado na lista internacional de procurados”. Oficiais do Serviço Federal de Segurança (FSB) revistaram os escritórios da Aeroflot em Moscou em abril, presumivelmente procurando provas contra ele.

Panov fugiu do país logo após a invasão da Ucrânia pela Rússia e posteriormente se manifestou contra a guerra em um artigo de opinião no Financial Times. Nessa coluna, ele encorajou colegas executivos sêniores e altos gerentes de empresas russas a sabotar acordos e contratos que apoiam a agressão militar simplesmente adiando ou ignorando-os.

Ele disse: “Não estou pedindo que vocês se tornem mártires ou prisioneiros políticos. Mas você pode se aposentar, pode simplesmente sair e, mesmo que isso não seja possível, ainda pode fazer alguma coisa.”

O próprio Panov chamou a atenção para o fato de as acusações terem surgido três anos depois que o conselho de administração do grupo aprovou a estratégia de marketing e a contratação da consultoria.

“Obviamente, as acusações contra mim são politicamente motivadas. O processo criminal foi aberto no dia seguinte à minha declaração ao Financial Times. Ao mesmo tempo, as próprias acusações são absurdas e não são confirmadas por nenhuma prova”, disse ele, citado pela Forbes Rússia.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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