Tripulantes de cabine da companhia de baixo custo Ryanair estão ameaçando entrar em greve durante o período de férias de verão europeu porque a empresa supostamente os faz trabalhar sem acesso à água. Ao contrário da grande maioria das companhias aéreas europeias, a Ryanair não fornece água engarrafada especificamente para tripulantes e pilotos.
Operadoras, incluindo a easyJet e a Vueling, fornecem água engarrafada à tripulação de cabine porque as regras de segurança, introduzidas após o 11 de setembro de 2001 (data dos atentados terroristas em Nova Iorque), obrigam a tripulação a se desfazer de líquidos acima de 100 ml para passar pelas verificações de segurança aeroportuária.
Como relata o Brussels Times, os comissários reclamam que em raras ocasiões há oportunidade de encher garrafas reutilizáveis depois de passar pela segurança do aeroporto. Desta forma, fornecer água engarrafada e comida é uma prática das companhias aéreas, sobretudo porque a tripulação não tem acesso às mesmas instalações que os trabalhadores de escritório, que geralmente têm cantinas ou cafés e lojas nas proximidades.
Um membro da tripulação de cabine da Ryanair pode nem conseguir fazer compras no aeroporto e, em vez disso, permanecerá a bordo da aeronave durante a maior parte de seu dia de trabalho, que pode durar até 12 horas. Se a tripulação quiser beber uma garrafa de água que não trouxe no avião, espera-se que a compre na loja a bordo. A Ryanair cobra 3€ por uma garrafa de 500ml de água San Bendetto.
Sindicatos na Bélgica, França, Itália, Portugal e Espanha estão frustrados com o ritmo das mudanças prometidas nas condições de trabalho na companhia aérea e estão ameaçando uma série de greves coordenadas em toda a Europa neste verão.
“Os sindicatos denunciam as irregularidades cometidas pela Ryanair na gestão do seu pessoal e os ataques aos direitos dos seus trabalhadores, como o fato de a tripulação de cabine continuar a trabalhar sem acesso a água a bordo do avião”, afirmou o sindicato espanhol USO em comunicado na última sexta-feira (20).
O sindicato francês SN-PNC disse que sua principal demanda de fornecer comida e água à tripulação de cabine foi rejeitada pela Ryanair. “Diante do comportamento desdenhoso da Ryanair, a greve se torna nossa única opção”, disse o sindicato.
A Ryanair foi atingida por uma onda de greves em 2018 e 2019, até que finalmente concordou em deixar as tripulações aéreas se sindicalizarem. A companhia aérea disse que está comprometida em melhorar os salários e as condições de trabalho, reduzindo o uso de pessoal contratado e acabando com a prática controversa de fazer com que a tripulação de cabine pague por seu próprio treinamento e uniformes.
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