Tripulantes foram obrigados a ficar 20 horas em um avião e fazer descanso a bordo

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Na última terça-feira, dia 11 de maio, tripulantes que estavam a bordo de um voo da companhia aérea de baixo custo indiana SpiceJet foram obrigados a permanecer a bordo da aeronave por quase 24 horas, devido a restrições impostas pelo país de destino. Entenda o caso a seguir.

Boeing 737 SpiceJet
Imagem: Ramón de Llanera / CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

A companhia estava realizando um voo charter com um Boeing 737-800, registrado sob matrícula VT-SGX, que partiu de Delhi, na Índia, com parada para reabastecimento em Tbilisi, na Geórgia, e destino em Zagreb, na Croácia.

Segundo relata o One Mile At A Time, ao chegar na Croácia, a tripulação composta por 4 pilotos e alguns comissários de bordo iria se hospedar em um hotel para cumprir sua escala de descanso antes de retornar à Índia, porém, as autoridades locais solicitaram aos tripulantes testes PCR negativos para a COVID-19.

A tripulação, espantada, alegou não ter os testes negativos, pois a companhia não havia avisado sobre tal regra para adentrar ao país. Todos os pilotos e comissárias tiveram a entrada negada à Croácia.

Em uma situação delicada, a companhia estava com uma tripulação incapaz de desembarcar do Boeing 737 por tal restrição, e os pilotos e comissários haviam trabalhado muito em sua rota da Índia para a Croácia, tornando inviável o seu retorno a Delhi devido às regras de jornada de trabalho.

Em um contato com a Diretoria Geral de Aviação Civil (DGCA) da Índia, foi solicitado que os tripulantes descansassem a bordo da aeronave, para cumprir o tempo de descanso necessário, apesar de que, em uma situação normal, fazer isso a bordo do avião não contaria como um descanso adequado.

Além disso, como requisito da DGCA, no dia seguinte: três pilotos deveriam estar no cockpit para o retorno à Índia, em vez de dois; nenhum passageiro deveria estar a bordo do voo por motivos de segurança; e, por fim, todos os tripulantes deveriam concordar com os requisitos.

Acordados com os requisitos, as equipes de solo do aeroporto na Croácia, muito solicitas, disponibilizaram para os tripulantes roupa de cama, comida e água, para que todos pudessem estar o mais confortável possível e realizar um voo seguro para Delhi no dia seguinte.

Já na quarta-feira, dia 12 de maio, após mais de 20 horas, o Boeing 737 decolou do Aeroporto Internacional Franjo Tudman com destino a Índia, num voo tranquilo e sem intercorrências.

Em um comunicado, o porta-voz da SpiceJet disse:

“Antes de partir da Índia, foi recebida uma confirmação por e-mail das autoridades croatas de que o teste RT-PCR não é necessário para a tripulação. Na chegada a Zagreb, a tripulação foi informada de que as ordens mudaram. Devido ao aumento repentino e maciço de casos da Covid na Índia, eles agora foram informados de que o RT-PCR é necessário. Isso foi uma surpresa.”

Existem questionamentos sobre o ocorrido, que apontam para dois aspectos. Um é sobre a Croácia ter agido de maneira irracional com a tripulação, e o outro sobre a SpiceJet ter se confundido sobre as regras do país e não ter alertado a tripulação.

Apesar de todo ocorrido, todos os tripulantes agiram normalmente à restrição e ao fato de terem que passar mais de 20 horas a bordo da aeronave.

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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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