A aprovação da Turquia para a entrada da Suécia e Finlândia na OTAN resgata uma dor de cabeça para os EUA: o caça “invisível” F-35.
O Lockheed Martin F-35 é o caça de quinta geração (chamado de invisível, dado o alto nível de furtividade ao radar), de maior produção e capacidades da atualidade. O projeto faz parte de um consórcio internacional liderado pelos EUA, mas com a presença de vários países, dentre eles a Turquia, que comprou 30 jatos do modelo convencional F-35A, e que também produz alguns componentes do jato.
Quatro destes caças F-35A foram entregues para que os turcos treinassem nos EUA antes de levarem os novos aviões para casa, mas isso nunca aconteceu. Pouco tempo depois da entrega, a Turquia anunciou a compra de sistemas de defesa anti-aérea S400 da Rússia, considerado na época o mais avançado do mundo em termos de mísseis anti-aéreos.
Temendo que os russos que fossem instalar, treinar e manter o S400 pegassem informações do F-35 em solo ou em voo, os EUA suspenderam a Turquia do programa F-35, e nenhuma aeronave turca saiu do território americano, onde estão retidas.
A Turquia continuou com a aquisição do S400 e, desde então, se criou um “racha” dentro da OTAN, já que um dos membros estava adquirindo produtos russos mesmo a aliança sendo feita para dissuadir ações da Rússia.
Passados os anos e sem nenhum dos lados cederem um centímetro, o assunto voltou a mesa de negociação nesta semana, já que a Turquia diz que aceitará a entrada dos países escandinavos na OTAN, desde que ela receba os F-35 que pediu (e aos quais ainda continua a fornecer peças).
Segundo a Bloomberg, a lista de pedidos da Turquia inclui os F-35, mais caças F-16 Fighting Falcon e atualizações para eles, além de pedir que Suécia e Finlândia suspendam restrições de venda de armamentos para os turcos, que foi colocada quando o país invadiu a Síria em 2019.
Sem o aval da Turquia, os dois países escandinavos não podem entrar na OTAN, já que é exigido que todos os membros votem a favor do pedido de entrada.
Rumores sobre parte dos pedidos serem atendidos circulam, apontando que os EUA pode liberar a compra de mais F-16 e os escandinavos retirarem as restrições, mas que o F-35 só sai se o S400 sair junto, numa negociação que podia incluir o envio destes sistemas para a própria Ucrânia.
Apesar de ter abatido um caça russo em 2015 na Síria e fornecer o principal drone de ataque da Ucrânia, o Bayraktar, a Turquia tem tido uma posição “neutra” na Guerra, sem fechar o Estreito de Bósforo que dá acesso ao Mar Negro ou proibir voos de companhias aéreas russas.