
Uma notável desinformação foi criada por uma TV regional no estado de Rondônia, que afirmou que os aviões que voam no estado são velhos.
A reportagem foi veiculada no jornal “Alerta Rondônia”, da Rema TV, que na própria transmissão ao vivo colocou o seguinte título: “Caos Aéreo: Empresas Aéreas de Rondônia dispõem de aviões com mais de 40 anos”.
Leitores do AEROIN residentes no Estado entraram em contato perguntando se de fato a informação procedia, e de imediato é possível afirmar que se trata de uma informação falsa.

Mesmo as pessoas que não são especialistas no setor, sabem que a frota das companhias aéreas brasileiras é uma das mais jovens no mundo, com média de idade de 10 anos. Os jatos comerciais mais antigos em operação no país foram fabricados no início deste século, e não são maioria.
Já os turboélices não passam de 30 anos, mais especificamente por causa de alguns Cessna Caravans que foram das já finadas Brasil Central, Itapemirim e TAM antes de chegar na Azul Conecta, a subsidiária da Azul Linhas Aéreas.
Sem citar a fonte ou base de dados, a reportagem da TV reafirma em áudio o fato de “na contramão de outros estados que exibem aeronaves novas e modernas, as empresas aéreas em Rondônia dispõe de aviões com mais de 40 anos de história, 2025 mal começou e parece que viveremos mais um ano no caos aéreo“.
O citado caos aéreo no estado é proveniente de uma onda processos de judiciais que se formou no local, em linha com os constantes os atrasos ou cancelamentos, muitos deles por meteorologia adversa.
Diante disso e do grande volume de processos, as empresas aéreas cortaram voos e por consequência aumentaram nos últimos anos o valor dos voos para o estado, já que a sua composição de custo subiu.
A decisão foi recebida de maneira negativa, iniciando uma verdadeira briga judicial, com determinações um tanto quanto paradoxais, como exigir que empresas cancelem menos voos sendo que os mesmos são cancelados por questões de segurança.
No meio deste embate, a mídia local aproveitou para tentar colocar que o estado está tendo um tratamento “diferenciado” em relação aos outros, e que as empresas só escolheriam os aviões mais velhos como “punição” aos passageiros rondonienses, numa espécie de preconceito velado.
Mas os próprios dados recentes mostram exatamente o oposto: não tem diferenciação de malha entre a operada no estado e no restante do país, e também do continente de maneira mais abrangente.
Em consulta a plataforma de rastreamento de voos AirNav Radar, foi possível apurar que entre os dias 18 e 20 de janeiro foram operadas as seguintes aeronaves no Aeroporto Internacional de Porto Velho com as seguintes idades:
LATAM
A319ceo
PT-TMT: 20 anos
A320ceo
PR-MYP: 12 anos (2x)
PR-MBA: 18 anos
PR-TYH: 11 anos
PR-MHE: 17 anos
A320neo
PR-XBT: 1 mês
AZUL
A320neo
PR-YSP: 1 ano
PR-YSG: 4 anos
PR-YRA: 8 anos
PR-YRR: 6 anos
ATR 72-600
PR-YXB: 1 ano (2x)
C208 Caravan
PP-ITY: 29 anos
GOL
737 MAX 8
PS-GPB: 6 anos
PR-XMY: 1 ano
PR-XMW: 3 anos
737-800
PR-GUZ: 11 anos
Com os dados acima, é possível notar que em três dias operaram uma grande variedade de aeronaves, mas nenhuma acima de 30 anos e uma inclusive mais nova que qualquer passageiro que esteve no voo realizado por aquele equipamento em específico.
O uso de informação falsa só causa um efeito contrário: afastamento de passageiros por medo, e com uma menor demanda, a tendência natural do mercado é ter menos voos ou em aviões menores, para que a demanda acompanhe a oferta.