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Último voo do líder fascista Benito Mussolini era um “plano perfeito”, mas deu tudo errado

Savoia-Marchetti SM83

Na manhã de 23 de abril de 1945, uma segunda-feira, o sol despontava sobre Barcelona, quando, às 7h30, um Savoia-Marchetti SM83 pousou na pista do aeroporto de El Prat. A aeronave havia decolado de Milão três horas antes e carregava cerca de 10 pessoas, contando os pilotos, após ter sido modificada às pressas para remover as suásticas e, assim, passar despercebida durante o voo.

O governo espanhol já havia proibido o pouso de qualquer avião alemão em seu território no dia 20 de abril.

Os passageiros eram confidentes do ditador italiano Benito Mussolini, que buscavam a fuga para a Espanha, onde o regime fascista de Francisco Franco ainda espalhava suas ideias. O cérebro por trás de toda a ação era Enrico Mancini, que havia visitado o cônsul espanhol em Milão para discutir a possível fuga do líder fascista italiano.

Quando Mancini chegou a Barcelona, ele levou três cartas de Mussolini para altos funcionários do governo e uma dirigida diretamente a Franco. Sua missão era negociar a fuga e o exílio de Mussolini com um segundo voo no mesmo avião no mesmo dia, mas Mancini acabou se tornando prisioneiro político, sendo mantido no elegante Hotel Ritz.

Como resultado, não foi possível salvar seu chefe. Dias depois, Mussolini foi capturado juntamente com sua amante, Clara Petacci, e, pouco tempo depois, em 28 de abril, foi morto, tendo seu corpo sido pendurado em praça pública.

A tentativa de fuga de seus confidentes em um avião moldado às pressas e o fracasso da missão de Mancini são uma das mais interessantes histórias do final da Segunda Guerra Mundial. A história foi revelada por documentos da CIA, avaliados pelo diário espanhol ABC, que detalham até características técnicas do avião.

Para a ocasião da fuga, o Savoia-Marchetti SM83 estaria preparado para ter um alcance de 4.800 quilômetros e uma altitude máxima de cruzeiro de 4.000 metros, além de 5.000 litros extras de combustível. Embora a missão tenha fracassado, os documentos trazem um vislumbre de como aqueles que tentaram salvar Mussolini deram o seu melhor para cumprir sua missão.

Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.