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Um grande revés: não tem mais motor o projeto do novo avião comercial supersônico da Boom

Concepção gráfica do avião Overture – Imagem: Boom Supersonic

A corrida pela nova aeronave supersônica para dar continuidade ao legado do mítico Concorde ganha um novo – e extremamente complexo – obstáculo: a grande fabricante de motores Rolls-Royce (RR), que havia assinado em 2020 um acordo de colaboração com a Boom Supersonic para a aeronave comercial Overture, informou que não continuará trabalhando no projeto.

Conforme relatado pelo Aviacionline, a Rolls-Royce determinou que o mercado de viagens executivas supersônicas não é atualmente uma prioridade e, portanto, não continuará a trabalhar no programa neste momento. “Foi um prazer trabalhar com a equipe da Boom e desejamos a eles todo o sucesso no futuro”, disse a empresa.

A confirmação não chega a ser uma surpresa, pois em julho passado Jon Ostrower, por meio de sua publicação The Air Current, havia indicado que a RR não estaria investindo dinheiro próprio no desenvolvimento de soluções que não se relacionassem com os projetos atualmente em andamento: principalmente os motores Ultrafan e Pearl 10X.

Há alguns dias, a empresa inglesa já tinha descartado avançar com a conversão de um Boeing 747-400 que comprou da Qantas em 2019, simplesmente porque o programa de teste do Ultrafan não justifica ter duas plataformas ou atualizar a existente (a RR já tem outro 747-400).

A saída da Rolls-Royce do projeto de aeronave supersônica pode ter implicações graves em um cronograma já extremamente otimista: a Boom espera ter o protótipo pronto em 2025, um primeiro voo em 2026 e a certificação e entrada em serviço até 2029.

A Boom deve inaugurar sua megafábrica em Greensboro, Carolina do Norte, antes do final do ano, deixando três anos para ter um motor e avançar com a construção do protótipo. Na indústria da aviação comercial, três anos é um sopro.

E a complexidade de certificar uma aeronave como a Overture não é comparável, por exemplo, ao desenvolvimento dos mais recentes aviões de longo alcance da Airbus e Boeing, já que há a incorporação de materiais, detalhes de design e tecnologias verdadeiramente disruptivas devido à operação nos três diferentes regimes de voo: subsônico, transônico e supersônico.

Para quem aposta que o Overture se torne realidade, o anúncio não muda muito as coisas: a American Airlines rapidamente esclareceu que a carta de intenções que assinou tem uma cláusula lógica e compreensível: se o projeto não for para frente, será um prazer ter feito parte, e eles terão perdido o que já foi pago.

A United tem cláusulas semelhantes e não há nada que sugira que o restante dos clientes em potencial da Boom, como Japan Airlines e Virgin Group, além de alguns clientes não identificados, não tenham sido cobertos da mesma maneira.

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