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Veja como foi a interiorização de 35 venezuelanas transportadas pela Força Aérea Brasileira

Venezuelanas embarcando em aeronave da FAB – Imagem: Governo Federal

Uma mãe solo viajando com as três filhas, outra que está há três anos no Brasil e viaja sozinha, enquanto outra viveu um ano em abrigos e passou por projetos de empoderamento para refugiadas e migrantes. Beizy N., 30 anos, Deriannis V., 25, e Sioret E., 41, são algumas das 35 venezuelanas que embarcaram, na última quarta-feira (8) no voo da Força Aérea Brasileira e no âmbito da Operação Acolhida.

No Dia Internacional da Mulher, a aeronave da interiorização levou somente passageiras, no intuito de chamar a atenção para a necessidade e a importância da integração socioeconômica de mulheres refugiadas e migrantes no Brasil. O voo com destino à Chapecó (SC) e escala em Guarulhos (SP), leva histórias de vida de quem deixou a terra natal em busca de um recomeço em outro país.

Uma das passageiras embarcadas, Sioret E. celebrou a chance de poder trabalhar no Brasil e espera que a ação de hoje chame a atenção de outras empresas para que mais oportunidades de emprego sejam oferecidas. “Espero que em São Paulo eu tenha uma melhor qualidade de vida, já que tenho agora um bom emprego. Espero que tudo saia bem. Hoje é o Dia Internacional das Mulheres, e isso é algo maravilhoso, que vai abrir muitas portas a mulheres migrantes venezuelanas”, declarou.

A Operação Acolhida alcançou em fevereiro a marca de quase 97 mil pessoas interiorizadas, sendo 42.721 mulheres, ou 44% do total. Para Deriannis V., 25 anos, que deixou a filha na Venezuela, a oportunidade de interiorização é um recomeço. “Estou super emocionada por esta viagem e pela oportunidade que nos estão dando de um novo futuro. Essa é minha maneira de começar, é um pequeno passo para grandes metas. Agora espero trazer a minha família, tê-la junto comigo, e dar um futuro para a minha filha”, afirmou enquanto embarcava.

A iniciativa é coordenada pelo Governo Federal em parceria com as Forças Armadas e apoio das agências da ONU para Refugiados (ACNUR) e para as Migrações (OIM), organizações da sociedade civil, organismos internacionais, além de entidades privadas, órgãos dos poderes executivo, legislativo e judiciário e entes federativos.

O Voo deste 8 de março será um marco importante de uma operação que envolve várias áreas dos Três Poderes, estados e municípios, civis e militares, entidades e agências da ONU, numa aeronave da Força Aérea Brasileira, transportando exclusivamente venezuelanas, representando o trabalho de tantas pessoas e, especialmente, das mulheres”, celebrou Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

A Operação Acolhida, resposta humanitária do governo brasileiro ao deslocamento de pessoas venezuelanas para o país, é estruturada em torno de três eixos: ordenamento de fronteira; acolhimento; e interiorização. Pelo último eixo, há a modalidade Vaga de Emprego Sinalizada (VES), situação das passageiras do voo desta quarta-feira, que terão a oportunidade de trabalhar em empresas do interior de Santa Catarina e São Paulo. 

No cuidado com pessoas refugiadas e migrantes, que chegam de outros países ao Brasil, tem o complexo momento da acolhida, na chegada. Mas, digo que o maior desafio é a interiorização. Em qual lugar do Brasil esta pessoa ou família ou várias famílias serão recebidas, o apoio, a oportunidade de trabalho, a moradia, a superação da barreira da língua, são muitos desafios que a Operação Acolhida tem que lidar”, prosseguiu o ministro Wellington Dias.

Em cinco anos, os municípios que mais receberam pessoas refugiadas e migrantes foram, na ordem: Curitiba, com 2.927 interiorizações; São Paulo (2.038); Chapecó/SC (1.777), Dourados/MS (1.608); e Manaus (1.384). 

Mulheres e meninas refugiadas e migrantes estão quebrando estereótipos, criando soluções inovadoras e contribuindo ao desenvolvimento de suas comunidades de acolhida”, destacou Carla Lorenzi, coordenadora de integração socioeconômica da Agência da ONU para as Migrações (OIM), que apoia todas as etapas de interiorização, incluindo revisão de documentos, contatos com familiares, identificação dos casos de proteção, compra de passagens aéreas e acompanhamento até o destino final dos venezuelanos.

O Voo de 8 de março levou as mulheres para as duas regiões que mais acolhem as venezuelanas: a Sul, com 55% do total e a Sudeste, com 21%. “A OIM está empenhada na inclusão socioeconômica das mulheres venezuelanas e migrantes de outras nacionalidades em conjunto com o governo brasileiro. Este voo que leva 35 venezuelanas empregadas em diferentes municípios brasileiros é emblemático desse objetivo que buscamos realizar e é um passo a mais em direção à redução da desigualdade de gênero”, completou Carla Lorenzi.

Thaís Menezes, oficial de Relações Institucionais da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) explicou a importância de estratégias de interiorização que atentem às vulnerabilidades das mulheres nesse contexto. “A atual iniciativa concretiza um princípio-chave para o ACNUR de ‘não deixar ninguém para trás’, ou seja, de considerar as necessidades específicas de grupos com os quais trabalhamos, superando desafios e fomentando para que tenham acesso de fato aos direitos e aos serviços que lhes são garantidos pela legislação”.

Operação Acolhida

A estratégia de Interiorização teve início em fevereiro de 2018 e consiste na realocação voluntária, segura, ordenada e gratuita de pessoas refugiadas e migrantes venezuelanas, em situação de vulnerabilidade, de Roraima para outros estados do Brasil.

A Interiorização visa permitir que as pessoas beneficiadas tenham melhores oportunidades de integração social, econômica e cultural, bem como reduzir a pressão sobre os serviços público atualmente existente principalmente em Roraima, localizado na fronteira norte do Brasil com a Venezuela.

O Comitê Federal de Assistência Emergencial é presidido pela Casa Civil da Presidência da República e é encarregado de coordenar o trabalho intersetorial da resposta humanitária. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome é o coordenador do Subcomitê Federal de para Acolhimento e Interiorização de Imigrantes em Situação de Vulnerabilidade.

O Subcomitê articula a cooperação no atendimento realizado nos abrigos em Roraima e na estratégia de interiorização organizada desde Roraima e Amazonas junto aos órgãos parceiros, estados e municípios de todo o país.

As Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) coordenam as atividades operacionais da Acolhida com apoio das agências da ONU, organizações da sociedade civil, organismos internacionais, além de entidades privadas, órgãos dos poderes executivo, legislativo e judiciário e entes federativos.

Informações do Governo Federal

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