A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) apresentou nesta quarta-feira, 4 de maio, os dados do transporte aéreo mundial de passageiros para março de 2022, demonstrando que a recuperação das viagens aéreas continua.
Os impactos do conflito na Ucrânia sobre a demanda de viagens aéreas foram bastante limitados em geral, enquanto os efeitos relacionados à variante Ômicron da Covid-19 continuaram confinados em grande parte aos mercados domésticos asiáticos, especialmente na China. O Brasil foi o grande destaque positivo.
O tráfego total em março de 2022 (medido em receita de passageiros vezes quilômetros voados, ou RPKs) aumentou 76,0% em relação a março de 2021. Embora tenha sido inferior ao aumento de 115,9% na demanda ano a ano de fevereiro, os volumes em março foram os mais próximos dos níveis pré-pandemia, ficando 41% abaixo de março de 2019.
O tráfego doméstico de março de 2022 aumentou 11,7% em relação ao mesmo período do ano passado, muito abaixo da melhora de 60,7% ano a ano registrada em fevereiro. Isso foi em grande parte resultado dos bloqueios relacionados à Ômicron na China. Os RPKs domésticos de março ficaram 23,2% abaixo daqueles registrados em março de 2019.
O tráfego internacional subiu 285,3% em relação a março de 2021, superando o ganho de 259,2% registrado em fevereiro em relação ao mesmo período do ano anterior. A maioria das regiões aumentou seu desempenho em relação ao mês anterior, liderada pelas operadoras na Europa. Os RPKs internacionais de março de 2022 caíram 51,9% em comparação com o mesmo mês de 2019.
“Com as barreiras para viajar caindo na maioria dos lugares, estamos vendo o aumento há muito esperado na demanda reprimida finalmente sendo realizado. Infelizmente, também estamos vendo longos atrasos em muitos aeroportos com recursos insuficientes para lidar com os números crescentes. Isso deve ser resolvido com urgência para evitar frustrar o entusiasmo do consumidor por viagens aéreas”, disse Willie Walsh, diretor geral da IATA.
Tráfego nos mercados de voos internacionais
A demanda, ou tráfego (RPK), internacional médio do mundo subiu 285,3% ano a ano (A/A) em março, continuando o significativo progresso alcançado na recuperação nos últimos doze meses.
Mais uma vez, as companhias aéreas sediadas na Europa tiveram o melhor desempenho em março em termos anuais, com alta de 425,4%. Em relação ao período pré-Covid, os RPKs internacionais estão 36,0% abaixo dos níveis de março de 2019, e os RPKs ajustados sazonalmente (SA) continuaram a se recuperar, expandindo 3,5% mês a mês (M/M) em março sobre fevereiro.
O impacto da guerra na Ucrânia tem sido relativamente limitado até agora para esta região, fora da Rússia e países vizinhos do conflito. De fato, o tráfego na Europa e em outros mercados vinculados, como entre Europa e Ásia, aumentou 26% e 11% respectivamente M/M em termos ajustados sazonalmente.
A forte recuperação parece não ser perturbada pelos impactos de capacidade do conflito Ucrânia-Rússia – de fato, o tráfego dentro da Europa aumentou notavelmente em março.
Dados mais precisos de vendas de passagens sugerem que a queda na confiança dos viajantes foi moderada e que se recuperou rapidamente. Além disso, os movimentos de refugiados na Europa levaram a um forte aumento nas viagens de saída de países vizinhos da Ucrânia. Isso isolará parcialmente a região de qualquer grande queda no tráfego em março.
Os RPKs internacionais para companhias aéreas registradas na Ásia-Pacífico resistiram aos desafios da Ômicron do mercado chinês, subindo 197,1% em março em relação ao ano anterior, e continuam a tendência de crescimento positivo com volumes SA, subindo 2,9% M/M.
Embora importantes mercados internacionais, como o Japão, permaneçam relativamente restritivos para visitantes estrangeiros, a tendência está se tornando mais relaxada em outros países, incluindo Coreia do Sul, Nova Zelândia, Singapura e Tailândia.
As operadoras na América Latina e na América do Norte novamente viram melhorias semelhantes em março no crescimento de RPK internacional em relação ao ano anterior, com alta de 239,9% e 227,8%, respectivamente.
A recuperação aos níveis pré-pandemia está firme em ambas as regiões, com a América Latina se beneficiando com o fim dos processos de falência de algumas das principais operadoras ali domiciliadas.
De fato, a história de recuperação é semelhante também em relação aos RPKs internacionais de companhias aéreas sediadas no Oriente Médio, com volumes acima de 245,8% em março, deixando-os 35,7% abaixo do mesmo mês de 2019.
As companhias aéreas com sede na África tiveram uma taxa de crescimento de 91,8% A/A em seus RPKs internacionais em março. Juntamente com a Ásia, os RPKs internacionais da África estão mais atrasados do que as outras regiões em termos de recuperação para níveis pré-pandêmicos, atualmente 49,1% abaixo de março de 2019.
A demanda por viagens aéreas é desafiada pelas baixas taxas de vacinação no continente, bem como pelos impactos do aumento da inflação.
Tráfego doméstico nos principais mercados do mundo
Houve uma melhora geral nos RPKs domésticos globalmente, mas a demanda da indústria como um todo aumentou apenas 11,7% A/A, muito mais fraco do que os 59,4% A/A em fevereiro. Isso é resultado do segundo maior mercado doméstico, a China, vendo um declínio acentuado com RPKs, caindo 59,1% A/A e 37,8% M/M. As viagens aéreas foram impactadas por bloqueios e restrições de viagens após a disseminação da Ômicron no país.
Os RPKs nos EUA ficaram 70,3% acima do nível de março de 2021. Isso é mais fraco do que o aumento anual de 110,4% de fevereiro, mas os volumes SA continuam a se aproximar dos níveis pré-pandemia de 2019, apenas 3,9% abaixo de março.
O alívio da escassez de mão de obra e cancelamentos de voos relacionados à Ômicron ainda precisará ser pesquisado, pois algumas pressões ainda persistem.
As viagens aéreas domésticas no Japão se recuperaram em março, com alta de 47% A/A e 30,3% M/M. O Japão foi fortemente impactado pela disseminação da variante Ômicron em fevereiro, levando ao maior número de mortes e casos graves na crise até agora.
Durante março e abril, o número de novos casos e mortes diminuiu, e isso parece estar ajudando o sentimento dos viajantes. É importante ressaltar também que todas as restrições domésticas de pandemia foram levantadas em março, o que deve apoiar uma recuperação forte e sustentada nos RPKs domésticos.
As viagens aéreas domésticas na Austrália cresceram 26,3% A/A em março, um pouco mais lento do que no mês anterior. Os RPKs domésticos continuam a obter ganhos em relação ao pico mais recente no segundo trimestre de 2021, à medida que as restrições domésticas relacionadas à pandemia continuam diminuindo em todo o país.
Houve um grande aumento nos RPKs domésticos do Brasil, com alta de 99,1% A/A em março. É o melhor desempenho entre todos os mercados aéreos domésticos mais importantes do planeta.
As viagens aéreas domésticas da Índia aumentaram 32,3% em março A/A após uma queda de 2,4% em fevereiro A/A.
Esses dois mercados importantes (Brasil e Índia) estão se aproximando dos níveis pré-pandêmicos de 2019, diminuindo essa marca em 7,5% e 9,3%, respectivamente.
A IATA não tem dados suficientes para informar sobre o tráfego russo.
Informações da IATA
