Veja a reação destes pilotos brasileiros após alerta de windshear no cockpit do Boeing 737

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Um interessante vídeo, que circula há tempos pelas redes sociais, mostra as ações tomadas por dois pilotos brasileiros na cabine de um Boeing 737 diante de um aviso de windshear, acionado quando a aeronave aproximava-se para pouso em um dia de mau tempo.

No início do vídeo acima, da interessante situação gravada cerca de 5 anos atrás, é possível ver as três luzes verdes no painel que indicam que os trens de pouso estão baixados e travados, e ouvir o copiloto falando com o Controle de Tráfego Aéreo sobre o pouso na pista 09R do Aeroporto Internacional de Guarulhos, enquanto as telas de radar meteorológico mostram áreas de tempo ruim à frente da aeronave.

Porém, logo aos 6 segundos da gravação, é possível ouvir o alerta automático do Boeing 737 anunciando “go-around, windshear ahead” (arremeta, cortante de vento à frente), ou seja, comunicando aos tripulantes para abortarem a aproximação devido à identificação de presença de windshear na trajetória do voo.

De acordo com definição da REDEMET, Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica do Brasil, o fenômeno windshear, também denominado cortante de vento, gradiente de vento ou cisalhamento do vento, pode ser definido como uma variação na direção e/ou na velocidade do vento.

Em aviação, o fenômeno pode ocorrer em todas as altitudes de voo, entretanto, é particularmente perigoso em baixa altura, nas fases de aproximação, pouso e subida inicial, em face da limitação de distância ao solo e de tempo para manobra das aeronaves.

Windshear infográfico ANAC
Ilustração de região de windshear – Imagem: ANAC

Então, diante do alerta do perigoso fenômeno, o comandante imediatamente começa a agir conforme seus treinamentos para o enfrentamento da situação. Ele aumenta a potência dos motores nas manetes localizadas no pedestal central, e passa a repetir várias vezes ao copiloto “mantenha a configuração”, para que seja mantido o foco em superar o crítico intervalo de voo através da área de incidência de windshear, ao invés de se preocuparem em reconfigurar o Boeing 737.

Aeronaves que atravessam este fenômeno atmosférico são frequentemente submetidas a variações abruptas de altitude e velocidade, portanto, tentar alterar configurações de flaps, slats, trem de pouso, entre outras, pode não ter efeito nenhum ou até mesmo ter efeito contrário ao esperado, levando a um risco de colisão contra o solo em casos como este de aproximação para pouso.

A partir daí, é possível notar que o comandante passa a administrar a situação sempre comunicando ao seu parceiro de voo, em voz alta e clara, todas as ações sendo feitas ou que devem ser feitas.

Essa atitude é fortemente incentivada nos treinamentos de CRM (Gerenciamento de Recursos de Equipe ou de Cockpit), pois os resultados de décadas de investigações de acidentes aeronáuticos mostram que a falta de uma comunicação ativa e assertiva na cabine, especialmente durante momentos críticos de voo, frequentemente se coloca como um importante fator contribuinte na tomada de atitudes erradas, ou de ações conflitantes entre os dois pilotos.

Após cerca de um minuto atravessando o fenômeno, e agora já livre da região de ocorrência de windshear, as ações de alteração dos parâmetros de voo no piloto automático e da configuração física da aeronave voltam a ser efetuadas pelos pilotos, para a continuidade do processo de arremetida e a subida para um novo procedimento de aproximação para pouso subsequente.

Na data de ontem, publicamos os detalhes do Relatório Final de um incidente ocorrido com um Airbus A321, no qual os pilotos enfrentaram uma situação muito semelhante a esta, porém, já muito próximo do pouso, atingiu a cauda na pista antes de arremeter, terminando com severos danos. Confira clicando aqui ou através da matéria listada abaixo.

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Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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