Apesar da crise da Covid-19, a fabricante de aviões americana prossegue com seu cronograma de testes para o lançamento do maior avião bimotor de todos os tempos. Há dois dias, o segundo protótipo do programa Boeing 777X iniciou seu primeiro teste de taxiamento e frenagem por meios próprios em Everett, no Estado de Washington, um dos mais afetados pela epidemia.
A aeronave do modelo Boeing 777-9, matriculada N779XX, realizou alguns testes de taxiamento usando a força dos seus dois potentes motores GE9X no aeroporto Paine Field, onde fica uma das plantas de montagem final da fabricante de aviões. Esses testes são mandatórios e precedem o primeiro voo da aeronave.
O programa 777X, no entanto, já ganhou os céus. No dia 25 de janeiro, o primeiro protótipo decolou desse mesmo aeroporto para dar início aos testes em voo da aeronave. Como a certificação de uma aeronave é um processo complexo, que requer quase duas mil horas de voo, então é necessário que outros protótipos também estejam em condições voo. Atualmente, a Boeing possui cinco aeronaves do modelo já montadas, das quais duas estão com os motores já instalados.
Veja, no vídeo abaixo, o primeiro teste de taxiamento e frenagem do segundo protótipo, registrados na última sexta-feira, 20 de março (espere carregar):
Boeing’s second 777-9 N779XX first taxi check at Paine Field this morning. Watch the wing tips unfold…#777X #GE9x pic.twitter.com/wnCzfoURoc
— Jennifer Schuld (@JenSchuld) March 20, 2020
A Boeing não quer mais atrasos
O programa foi lançado em 2013 e, inicialmente, estava programado para realizar sua primeira decolagem em 2019. No entanto, nem tudo correu de acordo com o plano. Após os inúmeros atrasos, resultantes de problemas com motores General Electric GE9X, a Boeing revisou a estimativa de data para lançamento da aeronave para o primeiro trimestre de 2021.
O problema é que nem a Boeing e nem ninguém contava com o surto mundial do Coronavírus (Covid-19), que acabou se transformando numa pandemia e poderia afetar novamente o projeto. Ainda assim, o cronograma de testes e do lançamento seguem mantidos, denotando que a fabricante aposta que a crise sanitária estará resolvida em um par de meses.
Se assim for, a primeira empresa aérea a receber a aeronave será a alemã Lufthansa, provavelmente seguida pela Emirates e depois pela Qatar. Outros clientes da aeronave incluem a ANA, Cathay Pacific, Etihad, a British Airways e a Singapore Airlines.
Características distintas
Com a aeronave, a Boeing revelou três características principais que fazem com que este avião se destaque dos demais do segmento: os motores gigantes GE9x, as asas dobráveis e a nova fuselagem.
Os dois grandes motores General Electric GE9X geram o empuxo necessário para que a aeronave de de 76,72 metros e de peso máximo de decolagem de 355 toneladas saia do chão e alcance até 14 mil quilômetros com uma economia de combustível de 10%, inclusive comparada a aeronaves modernas concorrentes (segundo estudos da Boeing).
Finalmente, a fuselagem. De todas as inovações, talvez essa seja a mais interessante. Ela é mais longa do que o 777-300ER, tem a mesma largura por fora, mas possui mais espaço interno, pois a Boeing a re-esculpiu completamente.
Por ser uma aeronave nova e mais econômica, dificilmente seu futuro estaria ameaçado pela pandemia da doença Covid-19. Mas um outro movimento poderá ser observado do rebote da crise, que é a substituição de aeronaves mais antigas, menos eficientes e até maiores (como é o caso do A380), sendo substituídas por aviões como o 777X ou até seus concorrentes diretos produzidos pela Airbus.