Voepass não deve assumir imediatamente os voos da GOL para Noronha; veja o porquê

A proibição de voos de jatos para Fernando de Noronha afetou principalmente a Gol, que ficou sem opção de voar para a Ilha, mesmo tendo aeronaves turboélice “à sua disposição” por meio da parceria com a Voepass.

A decisão da ANAC de proibir voos com aeronaves a jato em Fernando de Noronha, depois que foram identificados problemas graves na pista do aeroporto local, pegou companhias aéreas e passageiros de surpresa. Há meses, já era de conhecimento do setor que a pista não está nas melhores condições, com asfalto se desfazendo, mas agora chegou num ponto em que a operação com jatos, que são tradicionalmente maiores e mais pesados, se tornou insegura.

Por causa disso, essas operações ficaram proibidas no aeroporto, salvo em caso de emergência ou situação extrema, como evacuação médica ou segurança pública. A administração do aeroporto tentará reverter a situação, mas, enquanto isso não acontece, a GOL pode ficar sem opções de aeronave para voar para lá. A Azul, por sua vez, contará com seus ATR 72.

Gol e Voepass

O caso da Gol é mais complicado porque ela só opera jatos Boeing 737, sendo o menor o 737-700, responsável pelos voos a Fernando de Noronha. Além deles, a empresa poderia contar com os turboélices de sua parceira Voepass, mas isso não é tão simples.

Na parceria entre as empresas, a operação é totalmente separada entre elas, de modo que a Voepass tem autonomia total de sua área operacional, bem como os voos são feitos em seu certificado, embora comercializados pela Gol. Isso faz com que haja um desafio extra para que as duas possam operar em Fernando de Noronha por meio de parceria.

Até a Voepass se organizar para viabilizar internamente a operação, com movimentação de aeronave, pessoal, preparação técnica, irá levar algum tempo, além da espera pela aprovação do pedido.

Além das dificuldades técnicas e logísticas, que limitam o número de assentos utilizáveis na aeronave, Noronha, mesmo sendo um município de Pernambuco, tem maior autonomia maior por ser uma Ilha distante do continente e área de preservação. Isso pode demandar tempo extra até que a Voepass conquiste a aprovação do município para realizar voos.

Autorização mais dura

Dentre os poderes “a mais”, estão a operação de aeronaves, que deve ser autorizada pela Ilha e pelo governo de Pernambuco, ao contrário que ocorre no resto do país, onde apenas a União autoriza ou desautoriza.

O maior exemplo de como esse processo funciona foi visto quando a Latam anunciou voos para a ilha, mas teve que voltar atrás, porque não tinha a autorização devida. Isto se dá pelo fato do tamanho pequeno de Fernando de Noronha, que não suporta um grande número de pessoas, e caso não haja um controle de voos, o excesso de visitantes iria atrapalhar o próprio funcionamento da cidade e causar danos ambientais.

Hoje, Azul, GOL e LATAM estão autorizadas hoje para voar para a ilha (embora apenas as duas primeiras operem), mas a Voepass não. E a autorização não é tão rápida e demora alguns meses, decorrendo de estudos. Dito isso, é importante destacar que voos pontuais ou ad-hoc poderiam ser autorizados.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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