Voo lotado da Qantas causa indignação por ignorar o distanciamento social

Receba as notícias em seu celular, acesse o canal AEROIN no Telegram.

Qantas – DIvulgação

Num momento em que o mundo todo pratica medidas de distanciamento social para coibir a disseminação do covid-19, as companhias aéreas se esforçam para adaptar seus serviços a essa nova realidade. Algumas estão banindo o assento do meio, outras propondo novos tipos de assentos, mas um voo da Qantas, no fim de semana, desafiou essa lógica e foi motivo de indignação nas redes sociais.

Um usuário do Twitter compartilhou uma foto de um voo da Qantas lotado de passageiros no final de semana de Páscoa e lançou o questionamento sobre como poderia um voo partir tão lotado em tempos de pandemia e de pedidos para o distanciamento social. Na imagem, quase todos os assentos estão ocupados e pouquíssimos passageiros estão usando uma máscara facial.

Rapidamente, o assunto se propagou, com pessoas defendendo o isolamento e criticando a empresa aérea e outras, ao contrário, criticando a parada da economia e argumentando que a vida não pode parar. Enquanto isso, um terceiro grupo contestou a veracidade do fato. Foram elementos suficientes para uma “batalha” nas redes sociais.

https://twitter.com/greenmitty/status/1249853470061936640

Segundo o autor, era um voo da Qantas de Townsville, no norte de Queensland, para Brisbane, na segunda-feira à tarde. Segundo o cartão de embarque postado algum tempo depois, tratava-se do voo QF755. “Que tipo de distanciamento social é esse?”, o passageiro legendou a foto.

A grande maioria das respostas criticava a decisão da Qantas. “Como na Terra é aceitável que as companhias aéreas não sejam obrigadas a deixar a fila do meio vago”, comentou uma pessoa. “Isso é ruim, quando o resto do país está se isolando”, acrescentou outro.

O fato é que o isolamento social é fundamental para achatar a curva de contágio e garantir que os hospitais terão leitos suficientes para receber os doentes. Caso contrário, resultaria numa grande quantidade de pessoas morrendo em casa ou então sem ter o atendimento adequado num hospital.

Para comprovar a veracidade da história, o news.com.au foi atrás do assunto e um porta-voz da Qantas confirmou a situação. Ele disse que a maioria dos voos tinha apenas cerca de 30% da capacidade total, no entanto, o número de passageiros aumentou no final de semana da Páscoa.

“Os fatores de carga médios em nossas aeronaves foram muito baixos ao longo da semana, com a maioria dos voos em torno de 30%, portanto o distanciamento social vem acontecendo por padrão”, dizia o comunicado.

Em resumo, entendo a posição da empresa, mas esse comunicado faz parecer que, do nada, brotaram pessoas no portão de embarque para entrar no avião. Todos sabemos que isso não é uma realidade e que as vendas podem ser controladas pela empresa aérea através do seu sistema de reservas. Ou seja, a Qantas deveria saber, com várias horas de antecedência, que o voo estaria lotado. No limite, poderia ter colocado outro avião e dividir as pessoas, evitando tal exposição ao risco.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

Veja outras histórias