104 ‘voos fantasmas’ e 80 mil com baixa ocupação ocorreram no 1º semestre no Reino Unido

Imagem ilustrativa- Fonte: Airbus

A ZeroAvia, empresa britânica/americana desenvolvedora de aeronaves elétricas a hidrogênio, compartilhou nesta semana, aproveitando a temática do Helloween, um conteúdo abordando os “assustadores” dados sobre os “voos fantasmas” e, o mais importante, a ineficiência de uma parcela considerável das operações do transporte aéreo regular de passageiros.

Segundo dados da Autoridade de Aviação Civil (CAA) do Reino Unido apresentados pela empresa, no primeiro semestre de 2023, foram realizados 104 “voos fantasmas”, como são chamadas as operações com zero passageiros a bordo.

“Parece um pouco louco, mas, infelizmente, é um mal necessário da operação. As companhias aéreas precisam reposicionar as aeronaves regularmente e existem algumas operações destinadas a preservar os slots [direitos de pouso e decolagem] sob demanda. Em ambos os casos, os aviões precisam voar vazios ou quase vazios. Porém, com cerca de 200 voos por ano, o verdadeiro voo fantasma é uma pequena fração”, explica a empresa.

Segundo a ZeroAvia, o que deveria merecer mais atenção, porém, não são exatamente os voos fantasmas, mas aqueles que estão drasticamente abaixo da capacidade: houve 80.000 operações de voo no Reino Unido no primeiro semestre do ano com taxa de ocupação inferior a 50%, ou seja, mais de 10% do total de voos.

“É claro que uma aeronave meio vazia queimará menos combustível, mas cada voo significa emissões significativas de carbono. Isto poderá tornar-se mais difícil de justificar quando o preço do carbono começar a atingir os operadores”, alerta a fabricante aeronáutica.

Além do aumento de CO2 por passageiro nesses muitos voos que operam abaixo da capacidade, a empresa destaca os impactos do ruído e da qualidade do ar, que são inevitáveis ​​nessas operações.

A Estratégia Jet Zero do Reino Unido tem como meta até 2040 voos domésticos com saldo líquido zero de emissões, mas aeronaves capazes de atravessar toda a extensão das Ilhas Britânicas alimentadas pela luz solar e pela água estarão disponíveis dentro de uma década.

Isso pode significar que alguns operadores de companhias aéreas olhem para a sua frota e reduzam o tamanho de algumas aeronaves em determinadas rotas, com um renascimento dos turboélices regionais que impulsionam os voos domésticos ecológicos.

Embora o quadro acima seja uma análise simples e não leve em conta a flutuação da procura em circunstâncias especiais, a ZeroAvia afirma que ele mostra que certamente haverá espaço para aeronaves menores operarem algumas rotas.

“Para os passageiros, será um grande alívio saber que as companhias aéreas procuram minimizar as emissões por passageiro, voando com tecnologia de emissões zero e otimizando qualquer combustível que seja queimado em outros voos, mantendo elevada a capacidade das aeronaves. Seria irritante para os passageiros compreenderem que o preço dos seus bilhetes é mais elevado graças à pegada de carbono dos fantasmas em um mar de filas vazias nos seus voos”, finaliza a fabricante.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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