Um clássico trijato Lockheed L-1011 Tristar, que voou por doze anos na TAP Air Portugal, foi registrado em chamas num aeroporto líbio em 2018 – acredita-se que no mês de abril. Embora nunca houvesse total confirmação sobre a origem do incêndio, o Observador Líbio acredita que tenha iniciado como resultado de foguetes lançados durante uma batalha de grupos milicianos rivais.
A aeronave, registrada como XT-BRK (msn 1243), voou por último na Kallat El Saker Air e estava armazenada no aeroporto de Sebha havia vários anos. Sua história, no entanto, começou longe dali, em terras portuguesas.
Fruto de uma encomenda original da TAP Air Portugal, a aeronave chegou a Portugal em março de 1984, onde esteve baseada durante os próximos doze anos, voando rotas de longo alcance da empresa. Seus dois destinos no Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro, estiveram entre as primeiras rotas a receberem o trimotor. Ao todo, a TAP operou sete L-1011 Tristar, segundo consta no AirFleets.
stored Lockheed L-1011-500 TriStar XT-BRK (msn 1243, built 1984) was destroyed by fire at Sebha Airport (HLLS), Libya. It allegedly was hit by a rocket during clashes between rival militia groups. Date may have been in APR 2018. @Lyobserver @smmlibya pic.twitter.com/DtDFpTP1g7
— JACDEC (@JacdecNew) June 7, 2021
Depois que deixou a empresa aérea portuguesa, esse mesmo jato voou no Canadá, por outra célebre operadora do Tristar, a Air Transat. Por lá, a aeronave ficou apenas oito anos, antes de seguir seu rumo, juntando-se em 2004 à frota da Jordan Aviation. Um ano depois foi repassado à GlobeJet até que, em 2007, chegou à Kallat al Saker Air.
L-1011
Mesmo após os desafios em seu desenvolvimento, as vendas fracas e a vida curta, o L-1011 TriStar conseguiu manter seu posto de ícone da aviação. Fabricado por uma companhia de ponta, ele formou a tríade mais clássica dos aviões de corpo largo (“widebodies”).
Entre 1968 e 1984, a Lockheed fabricou um total de 250 TriStars, montados na sua fábrica do sul da Califórnia. Após o término da produção, a Lockheed retirou-se do negócio de aeronaves comerciais devido a suas vendas abaixo da meta e a forte concorrência no setor.
Assim como o DC-10, o TriStar também tem três motores, sendo dois sob as asas e um montado sobre a cauda, embutido na fuselagem. Numa inovação para a época, a aeronave recebeu a capacidade de “autoland”, sistema automatizado de controle de aproximação e pouso.
Em termos de capacidades, o avião pode levar até 400 passageiros em classe única e tem um alcance de mais 7.410 km com uma tripulação composta pelo piloto, primeiro-oficial e um engenheiro de voo. Foi produzido em três séries, o L-1011-1, -200 e -500, com comprimento máximo de 54,17 metros e envergadura de 50,09 metros.
Hoje, passados 50 anos, resta apenas um voando em todo o mundo.
Esse único exemplar na ativa atende pelo nome de Stargazer, um avião construído em 1974 e que ostenta o prefixo atual N140SC. Ele foi entregue originalmente à Air Canada, aonde voou por vinte anos antes de ser repassado à Orbital Sciences (hoje Northrop Grumman) em 1994. Na indústria aeroespacial, ele foi totalmente modificado para trabalhar como plataforma de lançamento dos foguetes Pegasus.