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“A cada 1.000 voos que decolam, três colidem com pássaros”, diz CEO da Latam

A aviação é um setor de enorme foco em segurança e isso inclui a análise de cada variável que possa interferir na integridade de uma aeronave, seus tripulantes e passageiros. Um dos temas presentes nas discussões é o famoso “bird strike”, ou a colisão com aves.

Esses incidentes são frequentes nos arredores dos aeroportos e em fases críticas como decolagem ou pouso, mas raramente resultam em uma situação de emergência, justamente por todas as ações preventivas adotadas no setor.

Para controlar e minimizar este risco, são tomadas medidas de prevenção, um trabalho árduo para que as aves fiquem longe dos voos. Esse assunto foi comentado pelo CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, em uma publicação no LinkedIN.

Além de conscientizar e desmistificar o tema, o executivo também falou sobre alguns números relevantes sobre o tema. “O grande problema é na verdade a disrupção que estas colisões geram (atrasos e cancelamentos de voos) e os custos diretos e indiretos associados (reparos e reacomodações dos passageiros impactados)”, disse Cadier.

“Para que vocês tenham uma ideia, compartilho os dados do período janeiro-julho de 2023 para a Latam Brasil. Foram 364 colisões com pássaros. Isto equivale a uma taxa de 3 eventos para cada 1000 voos executados, ou entre 1 e 2 eventos por dia de operação. Cada uma destas colisões é detalhadamente analisada para entendermos se ela causou ou não dano na aeronave. Por isto normalmente o voo é postergado ou cancelado nestes eventos, gerando impacto em todos os passageiros. A boa notícia é que 95% destas colisões não geraram danos nas aeronaves, mas quando existe dano, o reparo é longo e caro. Tivemos 23 casos em que os aviões ficaram fora de circulação por 18 horas e em 4 casos foram mais de 3 dias fora”, prosseguiu.

“Somente em custos diretos (troca de blades do motor, painéis acústicos, slats, entradas de ar, radome exhaust cone e inspeções boroscópicas) e sem incluir os custos de 3 trocas completas de motor (custos ainda em avaliação) tivemos um custo de 12 milhões de reais. Este custo é só o direto. Não inclui o tempo de avião parado, o custo dos cancelamentos, atrasos e desconexões de passageiros. Não inclui os custos dos processos judiciais movidos pelos passageiros (sim, as empresas são processadas em casos de bird strikes como se a colisão fosse de nossa responsabilidade)“, avançou.

“Como gosto de calcular isto por passageiro, o custo total dos “bird strikes” pode facilmente chegar a 4 reais por cada pessoa que transportamos desde o começo deste ano. Isto explica porque este tema é um dos principais na nossa agenda com a ANAC, SAC, aeroportos e municípios. A Latam não faz o manejo da fauna, mas hoje seus passageiros pagam a mais porque temos mais pássaros voando em torno dos aeroportos do país”, concluiu.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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