Adiado mais uma vez o primeiro voo do BN-2 Islander movido a célula de combustível de hidrogênio

A Cranfield Aerospace Solutions (CAeS) adiou mais uma vez o primeiro voo do Britten-Noman BN-2 Islander movido a célula de combustível de hidrogênio que está sendo desenvolvido por meio de um projeto apoiado pelo governo do Reino Unido. No Projeto Fresson, a CAeS lidera um consórcio para substituir um dos dois motores de pistão Lycoming do Islander por uma nova usina de célula de combustível operando com hidrogênio gasoso.

Anteriormente, a CAeS planejava que o voo inaugural da aeronave modificada acontecesse em 2024, o que levaria à certificação da usina de células de combustível de hidrogênio em 2026 e à entrada em serviço no ano seguinte. Antes disso, os primeiros voos foram sugeridos para 2022 e 2023.

No entanto, em seu mais recente balanço – referente aos 12 meses encerrados em 30 de setembro de 2023 – a CAeS confirmou que o cronograma para o primeiro voo foi adiado mais uma vez.

A empresa confirma que o atraso para a conclusão da captação de recursos da série B está por trás do adiamento, mas assegura que “está avançando bem nesse sentido”. A entrada em serviço “continua prevista para 2027, após a certificação em 2026”, acrescenta.

Apesar de o balanço apontar uma possível melhora, a empresa ressalta que o mercado de investimentos “tem estado reprimido ultimamente”, o que “tem sido um fator na captação de recursos da série B”.

No entanto, considerando a atenção que o mercado de investimentos tem dado à sustentabilidade e o foco da companhia no Projeto Fresson e na próxima geração de aeronaves, os diretores da CAeS acreditam estar bem posicionados no médio prazo, “apesar dos solavancos de curto prazo”.

A “missão” da CAeS, segundo a empresa, é “entregar a primeira aeronave de passageiros do mundo com propulsão a hidrogênio a emitir zero emissões”. As usinas de potência em desenvolvimento são “modulares” – variando de 125kW a 500kW – “o que permite que sejam usadas em pequenas aeronaves de passageiros, drones de carga e em unidades auxiliares de potência para aeronaves de corredor único e duplo”.

As despesas de pesquisa e desenvolvimento necessárias para trazer a usina de potência ao mercado levaram a perdas líquidas quase dobrarem na CAeS, subindo para £4,2 milhões (cerca de US $5,3 milhões) no período, de £ 2,2 milhões no ano anterior. A receita diminuiu para £2,1 milhões, frente aos £3,1 milhões do balanço anterior, mesmo este abrangendo um período de 13 meses. A CAeS justifica a redução do volume de vendas e a queda da margem de lucro para 6% (frente aos 22% anteriores) como reflexo da transição para o desenvolvimento da usina de potência a hidrogênio.

Mesmo assim, a CAeS afirma que a “Fase 1 do Fresson” é a conversão do BN-2 para operar com energia de hidrogênio, e uma das primeiras aplicações para a usina de potência a célula de combustível será a bordo do drone de carga Black Swan, em desenvolvimento pela Dronamics. A CAeS e a Dronamics compartilham um investidor comum no Fundo de Desenvolvimento Estratégico (FDE) dos Emirados Árabes Unidos, que investiu um valor não divulgado como parte de uma captação de recursos da Série A de £14,4 milhões.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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