Uma nova taxa foi colocada por um país latino-americano para passageiros em desembarque ou conexão, mas apenas vindo de alguns países.
A decisão foi do governo de El Salvador para o Aeroporto Internacional de San Salvador, que agora terá uma nova “Taxa de Melhoria Aeroportuária” instituída pela Comissão Executiva Portuária Autônoma (CEPA).
A taxa está em vigor desde o dia 23 de outubro e será coletada pelas companhias aéreas antes do passageiro embarcar. Mesmo quem já comprou a passagem e fez o check-in deverá pagar a taxa.
Porém a polêmica maior está no valor e em quem se aplica a taxa: será cobrado $1.130 dólares (R$5.600) – sendo $1 mil da taxa em si e mais 13% de imposto, por passageiro. Esta taxa porém não será cobrada de todos os passageiros, mas sim das nacionalidades abaixo:
- Angola
- Argélia
- Benín
- Botsuana
- Burkina Faso
- Burundi
- Cabo Verde
- Camarões
- República Centro-Africana
- Comores
- Costa do Marfim
- Chade
- Egito
- Eritrea
- Etiópia
- Gabão
- Gâmbia
- Gana
- Guiné
- Guiné-Bissau
- Guiné Equatorial
- Índia
- Quênia
- Lesoto
- Libéria
- Líbia
- Madagáscar
- Malawi
- Mali
- Marrocos
- Maurícia
- Mauritânia
- Moçambique
- Namibia
- Níger
- Nigéria
- Ruanda
- República do Congo
- República Democrática do Congo
- Saara Ocidental
- São Tomé e Príncipe
- Senegal
- Seychelles
- Serra Leoa
- Somália
- Somalilândia
- África do Sul
- Sudão
- Sudão do Sul
- Suazilândia
- Tanzânia
- Tunísia
- Togo
- Uganda
- Djibuti
- Zâmbia
- Zimbábue
A lista inclui todos os países da África mais a Índia. Os passageiros que são destes países, mesmo que estejam saindo ou residam em outros locais, como Brasil, deverão pagar esta taxa antes do embarque. O site da avianca, principal companhia aérea do país, já está atualizado em português com esta nova informação.
Motivação
Esta discriminação para apenas alguns passageiros tem um motivo: evitar imigração ilegal para os EUA através do México. Normalmente, estes imigrantes ilegais de fora da América Latina pegavam voos mais baratos para a América do Sul, desembarcando na Colômbia, Venezuela, Equador, Peru, Bolívia e também o Brasil.
Destes países eles seguiam por via terrestre rumo ao norte para chegar no México e depois nos EUA. Porém, a passagem pelo Tampão de Darién tem feito muitos dos imigrantes mudarem o aeroporto de chegada.
O Darién é uma região que cobre mais de 300km em linha reta que começa no Sul do Panamá e vai até a Norte da Colômbia, incluindo toda a fronteira terrestre entre os dois países.
Nesta parte, não existem estradas e quase nenhuma cidade, sendo uma mata praticamente virgem e muito densa. Atravessar é perigoso e demorado, além dos riscos biológicos e silvestres, existem grupos de bandidos e guerrilheiros em alguma partes, fazendo a região de praticamente um inferno para os imigrantes.
Com isso muitos imigrantes deixaram de chegar pelos países mais ao sul, com queda de até 66% em aeroportos da Colômbia, Panamá e Costa Rica.
Estes dois últimos, mesmo sendo locais que ficam depois do Tampão de Darién, têm uma imigração muito rígida e o desembarque para imigrantes que pretendem cruzar a fronteira sempre foi complicado e ficou ainda mais difícil após a Pandemia.
Com isso, os imigrantes voltaram os olhos para El Salvador e Nicarágua, que são mais próximos ainda do México e, mesmo que a passagem custe mais caro, o risco de deportação no desembarque (inadmito) é menor dada a falta de estrutura alfandegária comparada com outros países próximos.
A medida agora colocada em San Salvador visa impedir que estes imigrantes sequer cheguem no país, fazendo uma restrição econômica. Para muitos, a medida é considerada preconceituosa e até xenófoba, mas o risco de lidar com imigrantes ilegais que não conseguem cruzar a fronteira e também pressão dos EUA, tem feito o país seguir os vizinhos e enrijecer o controle de quem chega.