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Airbus A321 aborta decolagem duas vezes devido a larvas de inseto no tubo de pitot

Um jato Airbus A321 da húngara Wizz Air saiu de estocagem recentemente, mas enfrentou problemas ao decolar de Londres após três meses parado.

A321 da Wizz Air © tjdarmstadt

O caso aconteceu em 16 de junho, mas o relatório final do incidente só foi revelado recentemente pelas autoridades britânicas e divulgado na semana passada pela agência britânica responsável pela investigação de incidentes e acidentes aéreos, a AAIB. De matrícula G-WUKJ, o A321 pertence à divisão britânica da low-cost Wizz Air, originária da Hungria. Ele ficou três meses sem voar e estava estocado no Aeroporto de Stansted, em Londres, por causa da pandemia.

A sua situação, segundo os oficiais britânicos, era de estocado mas em “condições de voo”, que é uma situação em que a aeronave pode ser rapidamente colocada de volta na operação. Mesmo parados, os aviões demandam cuidados e diversos testes são feitos durante o armazenamento, como mostra este documentário que divulgamos anteriormente.

No caso, sete dias antes da sua retirada da estocagem, engenheiros e mecânicos começaram a mexer na aeronave, preparando-a para voltar aos voos. No dia da operação, os pilotos chegaram e o Airbus estava liberado.

Seguindo o procedimento padrão, os pilotos fizeram atentamente o chamado walk-around, que é uma volta ao redor da aeronave, observando detalhes pré-determinados na parte externa em busca de alguma anormalidade. Com o walk-around concluído, o avião foi ligado.

Após o táxi, o jato foi autorizado a decolar. Logo após serem autorizados, e ao dar a potência inicial, o comandante percebeu que o seu velocímetro, que fica dentro do Display Primário de Voo (PFD), estava com uma aceleração acentuada, não condizente com a do avião. Durante a corrida, o comandante também notou que o velocímetro do seu copiloto estava com problemas, só que não estava “acelerado demais” e, sim, zerado.

Sendo assim a decolagem foi abortada quase que na velocidade limite para isso (a chamada V1, velocidade de decisão), que no caso era de 120 nós (222km/h). Acima desta velocidade, caso tenha algum problema, a indicação é continuar a decolagem, já que não terá espaço suficiente para a parada.

Após a decolagem abortada, a aeronave voltou para a manutenção, que achou uma mensagem de falha numa das fontes de informação para o computador de bordo. Uma troca foi feita entre as fontes e diversos testes acusaram que o problema sumiu, mas tudo foi em vão. Cinco horas após a primeira tentativa, a aeronave teve que abortar de novo a decolagem pelo mesmo problema.

Problema no Pitot

Após a segunda decolagem abortada, a aeronave foi removida da operação e ficou dois dias parada no aeroporto para uma manutenção mais profunda. Nela foram encontradas larvas de inseto dentro do tubo de pitot, um importante sensor que mede a velocidade do avião pelo impacto do ar.

Tubos de Pitot de um jato Bombardier Global – Olivier Cleynen

Para evitar que essa situação aconteça e que objetos externos ou insetos entrem no tubo de pitot, existem as capas vermelhas para proteger estes equipamentos. Estas capas têm a etiqueta REMOVE BEFORE FLIGHT, numa cor chamativa (geralmente vermelho) e no tamanho grande para chamar a atenção dos pilotos, que devem removê-las antes do voo.

Ultimamente, estas etiquetas viraram um item de colecionador, sendo visto com frequência nas bolsas e malas de entusiastas, e profissionais da área.

O órgão britânico concluiu que o jato estava com essa capa mas provavelmente foi mal colocada, permitindo a entrada do animal. As recomendações emitidas reforçam a manutenção criteriosa após a aeronave ficar tanto tempo parada. A Wizz Air informou que irá mudar seus procedimentos para a retirada de estocagem de seus aviões.

O relatório completo está disponível no site da AAIB.

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