Muitas das companhias aéreas do mundo começam a colher as recompensas financeiras e ambientais da introdução de aeronaves mais leves e mais eficientes em termos de consumo de combustível, como o Airbus A350 XWB e o Boeing 787 Dreamliner.
Com um preço relativamente baixo do petróleo (caso esse cenário não mude significativamente após os ataques da Árabia Saudita) e uma forte demanda contínua internacional, as versões de ultra-longo-alcance (ULR – ultra long range) dessas aeronaves de material composto vão ganhando força e popularidade.
E, segundo informações do Aviation Analyst, a Airbus, fabricante europeia que já lançou o A350-900ULR para o mercado de longo curso, está em negociações finais com várias companhias aéreas antes do lançamento formal do A350-1000ULR, a variante de alcance ultra-longo do maior membro da família A350 XWB.
O comprometimento da Airbus em construir uma ‘família’ de alcance ultra-longo segue conversas extensivas com uma variedade de clientes de companhias aéreas, muitos dos quais demonstraram interesse em pedir potencialmente ou converter pedidos existentes do A350 em um A350-1000ULR capaz de voar mais longe e mais pesado do que o A350-900ULR existente.
Assim, o A350-1000ULR também enfrentará o 777X da Boeing, e a Airbus pretende disponibilizar a aeronave para os clientes das companhias aéreas antes que o 777X consiga se apossar significativamente da parte extrema do mercado de longo curso.
Alan Joyce, CEO da Qantas, testou a Airbus e a Boeing pedindo aos dois fabricantes que desenvolvessem uma aeronave capaz de voar por 21 horas, como entre Londres e Sydney.
A transportadora de bandeira australiana está considerando o Airbus A350-1000ULR (Ultra Long Range) e o Boeing 777-8, e a decisão será anunciada no quarto trimestre de 2019, confirmou Joyce recentemente.
E esse novo projeto passa a ter grande força na Qantas, que já eliminou a perspectiva de encomendar o A350-900ULR existente, citando menor capacidade de passageiros, enquanto a Boeing congelou recentemente o desenvolvimento da versão -8 do 777X até uma decisão posterior sobre prosseguir ou não com o projeto.
A Singapore Airlines foi o cliente de lançamento do A350-900ULR, capaz de voar até 9.700 milhas náuticas (17.960 km) ou cerca de 20 horas sem parar, dependendo da capacidade de assentos a bordo.
A companhia opera a aeronave nos voos mais longos do mundo, inclusive entre Cingapura e Nova York, que cobrem uma distância de mais de 8.000 milhas náuticas (14.800 km) ao longo de aproximadamente 18 horas de tempo de voo.
No entanto, a aeronave está configurada em um layout de duas classes de baixa ocupação. Sem classe econômica padrão, com 67 assentos da Classe Executiva e 94 assentos Premium Economy, a Singapore Airlines fica vulnerável às complexidades de equilíbrio que um voo premium pode apresentar a uma companhia aérea.
O A350-900ULR existente não requer tanques de combustível adicionais em relação ao A350-900 padrão. Em vez disso, faz um melhor aproveitamento do espaço já disponível na estrutura dos tanques existentes para transportar 6.340 galões extras de combustível.
Para o A350-1000ULR, além de transportar este combustível extra, são cruciais um aumento do peso máximo de decolagem e da capacidade de carga útil (para reduzir a necessidade de estabelecer restrições caras de carga útil em rotas com forte demanda comprovada, como a ‘rota Kangaroo’ para a Austrália).
Embora a Qantas busque se beneficiar de um jato que possa ser implantado em uma rota de longo curso, um A350-1000ULR também teria espaço nas atuais companhias aéreas operadoras do A380, para substituir o Superjumbo em rotas de alta demanda e longa distância.
No início deste ano, o CEO da Qatar Airways, o Sr. Akbar Al Baker, disse que a Airbus aumentaria o peso máximo de decolagem do A350-1000 a partir do próximo ano [2020].”
Ele acrescentou: “Quando a Airbus aumentar o peso máximo de decolagem do A350-1000, este jato poderá fazer, com menor capacidade, as mesmas rotas que o 777X, inclusive para a Austrália.”
Até agora, apenas quatro companhias aéreas receberam o A350-1000: Qatar Airways, Cathay Pacific, British Airways e Virgin Atlantic. A aeronave tem mostrado possui uma forte confiabilidade de despacho (fica pouco tempo em solo) e foi descrita pela Qatar como tendo “a melhor entrada em serviço que já experimentamos em um jato da Airbus”.
“Não houve problemas iniciais, o que é incomum para um novo avião”, disse também um executivo da Cathay Pacific, após cinco meses de serviço do A350-1000 na companhia aérea de Hong Kong.
A Airbus recebeu quase mil pedidos de aeronaves da família A350 XWB, consistindo os modelos A350-900, A350-900ULR e A350-1000. As expectativas são bastante elevadas para o novo -1000ULR e a Boeing vai precisar provar a qualidade de 777X para não perder uma fatia importante deste mercado.