Antes de investigar, russos já estão limpando os destroços do avião em que estaria o líder mercenário

Imagens compartilhadas pela mídia internacional mostram o que seria o trem de pouso do jato Embraer Legacy 600, de matrícula RA-02795, em que estaria o líder do grupo mercenário Wagner, Eugene Prigozhin, e que despencou dos céus nesta semana sobre o território russo.

Segundo informações, esta parte da aeronave caiu a 3 km de distância do principal ponto de impacto do restante da fuselagem, o que poderia indicar uma desintegração do equipamento antes da queda. Anthony Glees, professor de Inteligência da Universidade de Buckingham, ouvido pelo The Sun, afirma acreditar que o evento foi um ato intencional, embora isso não possa ser confirmado com as informações atualmente disponíveis.

O que mais chama a atenção, no entanto, é o fato do equipamento já estar sendo removido de uma área de vegetação pouco tempo após a queda. Em geral, os destroços são mexidos dias ou semanas após um acidente, depois da realização de perícia no local. Entretanto, não está totalmente claro se isso já ocorreu por parte da Rússia.

O que se sabe, no entanto é que, até ontem, o CENIPA, órgão da FAB designado para a investigação de acidentes envolvendo aeronaves de produção brasileira, não havia sido contatado pelas autoridades russas, como recomenda o protocolo internacional.

Importante destacar que o Sky News cita que “a filmagem não foi verificada, mas uma foto parece mostrar uma asa com número de série correspondente ao do avião da Embraer ligado ao chefe da Wagner, Prigozhin”.

O mesmo movimento, de “limpar” o local do acidente aéreo, foi visto em janeiro de 2020, quando o Irã rapidamente recolheu todos os destroços do Boeing 737-800 da Ukraine International Airways (UIA). Meses mais tarde, diante da pressão internacional, o país persa assumiu que seus militares lançaram dois mísseis contra a aeronave de passageiros.

Apenas a lisura do processo investigativo poderá indicar com total clareza o que aconteceu. A presença da Força Aérea Brasileira no processo poderá ajudar a garantir um resultado mais transparente, até para desmistificar as teorias de que a aeronave poderia ter sido derrubada.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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