Após 3 acidentes, pilotos de Embraer Phenom são alertados sobre o risco de desligar o degelo

Foto – Markus Eigenheer

O desligamento de um importante sistema nas aeronaves Embraer Phenom 100 tem causado acidentes e a ANAC emitiu um alerta. A Agência Nacional de Aviação Civil emitiu um Boletim Especial de Aeronavegabilidade, que serve para os pilotos e operadores do jato executivo leve Phenom 100, fabricado pela Embraer.

A aeronave é líder de vendas na sua categoria e leva até sete passageiros, podendo ser pilotada por apenas um piloto. No entanto, um mau hábito dos aviadores causou ao menos três acidentes e incidentes nos últimos anos.

Em 2021 em Paris, em 2014 nos EUA e em 2013 na Alemanha, jatos Phenom 100 pousaram com gelo na asa, mesmo após os pilotos terem sido avisados das baixas temperaturas e congelamento de superfícies.

Os relatórios das agências estrangeiras têm todos um ponto em comum: os pilotos desligaram o sistema de degelo (que deixa a ponta da asa quente para que o gelo derreta) pouco antes do pouso.

Com isso, o gelo se formou nas asas, e os aviões “estolaram” (tiveram perda de sustentação) antes de chegar na pista ou pouco antes do toque, causando pousos duros ou até acidentes que resultaram em incêndio como foi o caso de 2014 nos EUA, resultando na morte dos 3 ocupantes do avião e 2 residentes:

O motivo do avião “estolar” é que ele estava numa velocidade que seria permitida caso não tivesse formação de gelo, mas com o sistema de degelo ligado o avião considera que ainda pode ter gelo nas asas, que deformam o perfil aerodinâmico dela e prejudica a geração de sustentação.

Com isso, é recomendado aproximar numa velocidade maior que a de um dia com sol por exemplo, mas uma velocidade mais alta de pouso também implica em maior consumo de pista, além do que alguns sistemas de anti-gelo e degelo utilizam força que iria para propulsão, prejudicando a performance.

Por isso, habitualmente os pilotos usam o sistema de degelo apenas quando estritamente necessário. Em um dos casos do Phenom 100, o piloto chegou a ligar o sistema por alguns instantes para “derreter” o gelo, mas logo depois desligou e o gelo voltou a se formar na asa.

A ANAC alerta neste boletim que em temperaturas baixas e/ou com reportes de formação de gelo, o piloto deve seguir o manual à risca e ligar o degelo quando indicado, mesmo que isso cause uma distância maior de pouso, e que este tipo de situação deve estar sempre dentro do planejamento de voo do aviador, não fazendo improvisos.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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