Após o 1º voo, veja o que diz o líder do programa da Racer, a nova e veloz aeronave híbrida da Airbus

Imagem: Divulgação Airbus

Após ter voado pela primeira vez a aeronave demonstradora Racer no final de abril, desenvolvida no âmbito do projeto Pesquisa Europeia Céu Limpo 2 (European Research Clean Sky 2), a Airbus agora apresenta um conteúdo com informações do líder do programa do inovador equipamento, que tem mais de 90 patentes registradas.

Acompanhe o conteúdo a seguir, na íntegra.

Era algumas semanas antes do primeiro voo. A equipe estava completando a inspeção final de qualidade do Racer, antes dos primeiros testes em solo na pista. Julien Guitton, que lidera o programa, falou do orgulho que sua equipe sentia naquele momento: “Este é um momento incrível! Na vida de qualquer engenheiro ou trabalhador, preparar-se para o voo inaugural de uma nova aeronave, especialmente uma com um nível tão alto de inovação, é uma experiência única e extraordinária.”

Os ajustes finais foram feitos por uma equipe muito unida, com não mais do que 50 engenheiros e trabalhadores no local, apoiados pela empresa inteira e numerosos parceiros. Foi uma operação comando que refletiu toda a filosofia da nova aeronave: alta performance e economia de uso.

“O objetivo do Racer não é ir o mais rápido possível, mas oferecer capacidades operacionais aprimoradas ao preço certo para missões onde a velocidade pode realmente ser um ativo”, resume Julien Guitton. “Quando perguntamos aos usuários finais se altas velocidades são de interesse para eles, a resposta é invariavelmente ‘sim, mas’. Velocidade a qualquer preço, sem levar em conta o impacto econômico e ambiental, não interessa a ninguém.”

Quando o projeto foi lançado, como parte do programa europeu Clean Sky 2, os objetivos eram ambiciosos: uma redução de 20% no consumo de combustível e nas emissões de CO2 em comparação com uma aeronave convencional do mesmo peso, e uma redução igualmente significativa na pegada de ruído. As simulações, confirmadas pelos voos iniciais, mostraram que o Racer atendeu a esses requisitos.

A chave para esse sucesso reside na fórmula ‘composta’ da aeronave, que já foi testada com sucesso no demonstrador X3 desde 2010. O Racer combina uma arquitetura única (aerodinâmica especial de fuselagem, rotor de helicóptero, asa fixa e hélices propulsoras) com gerenciamento inovador de potência do motor e um piloto automático que sabe como aproveitar ao máximo essa combinação.

“O sistema Eco-Mode, desenvolvido com o apoio da DGAC, a Autoridade de Aviação Civil Francesa, e vários outros parceiros, desempenha um papel essencial na entrega do desempenho que esperamos”, enfatiza Julien Guitton. “Isso envolve colocar um dos dois motores em espera durante o voo de cruzeiro, com a capacidade de reiniciá-lo quase instantaneamente, se necessário. A aeronave voa um pouco mais devagar do que voaria com ambos os motores funcionando, mas ainda é mais rápida do que um helicóptero convencional. Acima de tudo, economiza 20% no consumo de combustível.”

O desempenho da asa também é otimizado em todas as fases do voo, graças ao uso de flaps colocados no bordo de fuga, contribuindo para o menor consumo de combustível. Ao fornecer 40% do total de sustentação, a asa alivia a carga do rotor, reduzindo cargas dinâmicas e vibrações. O Racer também promete ser mais confortável do que um helicóptero convencional.

Imagem: Divulgação Airbus
Imagem: Divulgação Airbus

“O sistema de controle de voo e o piloto automático nos permitem aproveitar ao máximo todas as possibilidades oferecidas pela fórmula composta”, explica Julien Guitton, que também fornece o seguinte exemplo: “Ajustando a distribuição de potência entre os rotores, podemos alterar a posição da aeronave e realizar aproximações de baixo ruído totalmente inéditas.”

Outros benefícios são esperados, como intervalos de manutenção mais longos. “Nossa capacidade de validar soluções técnicas que oferecem ciclos de vida operacional longos é um grande desafio para este programa”, finaliza Julien.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

Veja outras histórias

Após identificar uso de bens, inclusive aeronaves, para ocultação patrimonial, PF...

0
Cumpre-se a segunda fase da investigação de combate ao tráfico internacional de drogas e à lavagem de dinheiro, em que foram identificados