Após o desastre no litoral norte paulista, drones estão fazendo o reflorestamento das áreas degradadas

Imagem: Instituto Conservação Costeira

A empresa brasileira Ambipar informa que o município de Barra do Sahy, no litoral norte de São Paulo, devastado por temporais em fevereiro, vem sendo alvo de uma iniciativa pioneira, que utiliza drones e inteligência artificial para reflorestar áreas degradadas.

Encrustada entre a Serra do Mar e o litoral, a região do Sahy sofreu mais de 600 deslizamentos de terra durante as chuvas de verão, um desastre que resultou na morte de 65 pessoas e devastou mais de 200 hectares de mata atlântica.

O processo de recuperação teve início neste mês de agosto, capitaneado pelo Instituto Conservação Costeira (ICC), uma ONG que atua nas praias do litoral paulista, e a Ambipar.

Mas esse não é um reflorestamento de encostas convencional, em que mudas são plantadas uma a uma por seres humanos. Como a região é acidentada e de difícil acesso, optou-se pelo uso de drones para despejar milhares de sementes do céu.

Imagem: Divulgação

As sementes de mais de 20 espécies nativas, juntamente com adubo, são acondicionadas em biocápsulas, isto é, cápsulas biodegradáveis feitas com colágeno. Esse material seria descartado pela indústria farmacêutica, mas agora ganha novo uso.

“O colágeno e o adubo são ricos em nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio, que aceleram o crescimento das mudas”, observa o engenheiro ambiental Gabriel Estevam, do Centro de Pesquisa da Ambipar.

Imagem: Divulgação

Cada drone despeja até 3.000 cápsulas por viagem. E, com seu uso, é possível replantar entre 30 e 50 hectares por dia.

Segundo a Ambipar, esse sistema por ela criado se assemelha ao que a natureza faz com os pássaros. Após comer frutos de plantas, as aves espalham as sementes com nutrientes presentes em suas fezes, o que acelera o processo de crescimento.

O plantio com drones tem ainda acompanhamento de um software de inteligência artificial, que é responsável por mapear o terreno e implementar um plano de voo, com os pontos exatos em que cada semente deverá ser despejada.

Segundo Estevam, o uso de tecnologia reduz os custos do reflorestamento em até 50%. “No caso do Sahy, a recuperação deve durar cerca de dois anos. E será preciso uma década para a mata local atingir toda sua potencialidade”, calcula o engenheiro.

A empresa hoje produz 30.000 cápsulas recheadas com sementes diariamente e já testou a eficácia do modelo em áreas da Serra da Cantareira, fazendo o replantio de matas ciliares fundamentais para o equilíbrio de mananciais de água doce daquela região.

No futuro, a ideia é que as biocápsulas sejam aplicadas em projetos ainda maiores, como os projetos de conservação e restauro da floresta amazônica.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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