A Rosaviatsiya, a autoridade de aviação russa, surpreendentemente retirou seu próprio relatório sobre o pouso de emergência do Airbus A320 da Ural Airlines em um campo de trigo, alegando “circunstâncias recém-descobertas”. Essa decisão foi revelada em um documento obtido pelo jornal Izvestia.
A investigação será agora reexaminada por uma nova equipe de especialistas, conforme destacou o aeroTELEGRAPH.
O relatório inicial, divulgado no final de outubro, indicava que um defeito técnico havia iniciado o pouso de emergência. No entanto, posteriormente descobriu-se que erros dos pilotos levaram à falta de combustível na aeronave, resultando na dramática aterrissagem no campo de trigo.
Conforme o relatório inicial, o A320 da Ural Airlines, que tem 80.000 horas de voo, passou por sua última manutenção periódica em março. Ele havia sido examinado novamente dois dias antes do incidente.
Nenhum problema foi notado. Antes da decolagem de Sochi, nenhum defeito foi encontrado no avião. Mas, durante a aproximação de pouso em Omsk, um dos três sistemas hidráulicos que as grandes aeronaves costumam ter falhou repentinamente. O sistema verde, responsável pelo trem de pouso, reversão de empuxo, flaps e slats, foi afetado. O motivo de sua falha foi uma mangueira quebrada em uma conexão, conforme afirma o relatório.
Cálculo incorreto da quantidade de combustível
A falsa estimativa da quantidade de combustível e as respostas inadequadas dos pilotos resultaram em um incidente crítico durante o voo. Quando o sistema hidráulico verde falhou, a tripulação optou por desviar para Novosibirsk devido às más condições meteorológicas. Infelizmente, negligenciaram a posição real do trem de pouso e dos flaps, resultando em um aumento no consumo de combustível, conforme registrado no relatório.
Esses elementos afetaram negativamente o cálculo do combustível. No momento da decolagem em Sochi, a aeronave estava com 14.200 quilogramas de querosene a bordo, mas, ao tentar pousar em Omsk, restavam apenas cerca de 5.000 quilogramas. Com os flaps e o trem de pouso estendidos, o Airbus A320 precisaria de 7.000 quilogramas para chegar a Novosibirsk, uma informação percebida pelos pilotos tardiamente.
Distância de pouso de 550 metros
A tripulação também falhou em monitorar adequadamente o consumo de combustível e a quantidade restante durante o voo. Eventualmente, 50 minutos após a mudança de rota em Omsk, com 1.300 quilogramas de querosene restantes, decidiram fazer uma aterrissagem de emergência. Após o pouso, apenas 184 quilogramas de combustível foram encontrados nos tanques, menos do que inicialmente reportado.
A aterrissagem de emergência ocorreu em um campo de trigo e se estendeu por aproximadamente 550 metros. Na fase final, a aeronave afundou até 30 centímetros no solo, resultando na rotação do trem de pouso dianteiro em 90 graus, conforme indicado no relatório da Rosaviatsiya.
Além dos danos mencionados, a cobertura do trem de pouso principal direito foi separada da aeronave, e as pás do ventilador do motor foram dobradas. No entanto, teriam de ser desmontados e enviados para uma empresa de manutenção para reparação e limpeza, disse Rosaviatsiya. Finalmente, todas as rodas e freios também teriam que ser substituídos.
Voltando atrás
De acordo com informações do Izvestia, a decisão de retirar o relatório não foi motivada por “circunstâncias recém-descobertas”, mas sim pela insatisfação da liderança da Rosaviatsiya com a qualidade da investigação. Uma fonte anônima dentro da autoridade confirmou que não foram os eventos no local que impulsionaram essa mudança, mas sim uma decisão interna da liderança.
A seção oeste-siberiana da autoridade, responsável pelo relatório original, será encarregada de conduzir novamente a investigação. Essa decisão levanta questões sobre a possibilidade de fatores políticos ou internos terem desempenhado um papel nesse movimento surpreendente.
A Ural Airlines não emitiu uma declaração oficial sobre esse desenvolvimento inesperado. Os passageiros do voo saíram ilesos após a aterrissagem de emergência no campo de trigo. Agora, resta aguardar quais novas informações a reexame da investigação trará à tona e como isso afetará as informações já divulgadas.
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