Uma investigação judicial sobre o uso de uma antiga aeronave durante o chamado “Plano Condor” está em curso no Uruguai. A juíza María Helena Mainard ordenou o exame de um Hawker Siddeley HS-125, modelo 400B, abandonado no aeroporto de Melilla, a 15 quilômetros de Montevidéu. A aeronave teria servido como transporte pessoal de Emilio Massera, ex-almirante envolvido com a ditadura militante da Argentina nos anos 1970 e 1980.
Segundo a AFP, a investigação foi motivada por um pedido do juiz argentino Sebastián Casanello junto a “autoridades jurisdicionais uruguaias competentes”. O juiz Casanello solicitou “uma medida cautelar que garanta a preservação atual do avião”. A aeronave, com numero se série 0653 foi incorporado à Marinha Argentina em abril de 1971.
Uma pesquisa realizada durante o ano passado por Sebastián Santana, um ilustrador uruguaio que buscava por informações sobre as ditaduras sul-americanas, localizou o avião. Em setembro de 2022, Santana descobriu o avião em Melilla depois de uma busca a partir de dados da Marinha Argentina e de blogs de fãs de avião, que indicavam que a aeronave havia sido usada para serviços privados do ex-almirante Massera.
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— MVD Noticias (@MVDNoticias) August 4, 2023
La Justicia dispuso una medida cautelar de custodia del avión que está abandonado en el Aeropuerto de Melilla y que fue usado, al menos una vez, para el traslado clandestino de presos y presas políticas en el marco del Plan Cóndor. pic.twitter.com/ciorNEW6en
Santana disse que o avião havia sido usado, em 16 de maio de 1977, para transportar cinco militantes de esquerda desaparecidos e presos pelas forças de segurança paraguaias. Segundo documentos encontrados no Arquivo Paraguaio do Terror, esses militantes foram levados de Assunção para Buenos Aires e o voo seria realizado em um avião da Marinha Argentina.
O avião sofreu um incidente em Ushuaia em junho de 1977 e, mais tarde, em 1982, passou a ser usado como transporte para tarefas de observação na Guerra das Malvinas.
A justiça uruguaia busca preservar o avião, realizando testes técnicos e solicitando a elaboração de laudo técnico pericial para comprovar a numeração original e o estado em que ele se encontra. Por enquanto, não foi confirmado se o avião era usado para “voos da morte”, ou mesmo se está relacionado com o desaparecimento dos militantes argentinos e uruguaios.