Aviões ocidentais voarão com peças pirateadas pela Rússia a partir do ano que vem

Imagem: Guilhem Vellut / CC BY 2.0, via Wikimedia Commons

A empresa estatal de aviação russa Rosatom irá produzir réplicas de peças de aeronaves estrangeiras da Airbus e da Boeing. A expectativa é de que a produção comece no primeiro semestre de 2024, conforme noticiou o jornal Izvestia. A iniciativa surgiu como resposta às sanções aplicadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia, que impedem a importação legal de peças para o país desde a invasão russa da Ucrânia.

A parceria entre a Aeroflot e a Rosatom, que dispõe de capacidade técnica e de produção, irá permitir a fabricação de diversos tipos de componentes, como filtros de ar e água, produtos de plástico, metal, compósitos e borracha, além de equipamentos eletrônicos para a cabine dos passageiros.

O Diretor Geral e Técnico da Aeroflot, Alexey Mikhalik, conversou com o Izvestia sobre o processo de criação e certificação das peças. De acordo com ele, todos os itens serão testados e certificados pela Agência Federal de Transporte Aéreo antes de serem utilizados nas aeronaves. Ainda assim, não deixam de ser peças não-originais das fábricas e não-homologadas.

Já estão em andamento testes e produção das réplicas. Segundo Mikhalik, a parceria irá atender a grande demanda por componentes e peças de reposição para aeronaves estrangeiras na Rússia, que atualmente se sente impactada pelas sanções impostas pelo ocidente.

O processo de produção das réplicas é complexo e envolve o desenvolvimento, certificação e fabricação dos componentes. A parceria entre as empresas russas será responsável por produzir os itens para todos os tipos de aeronaves estrangeiras utilizadas no país, desde cabines até estruturas e reparos.

A expectativa é que, com a colaboração da Rosatom, a Aeroflot consiga reduzir a dependência de engenheiros próprios e conte com o suporte de fornecedores locais para a manutenção de suas aeronaves. Para garantir a segurança e a qualidade das réplicas, o procedimento de processamento da documentação necessária para sua utilização em aeronaves já está sendo definido em conjunto com a Agência Federal de Transporte Aéreo, de acordo com Mikhalik.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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