Azul está terceirizando a manutenção de aviões em lugares fora da América do Sul

No ano passado, a companhia aérea brasileira Azul lançou sua divisão dedicada à manutenção, reparo e revisão (MRO), a Azul TecOps, sediada em São Paulo e operando no maior hangar de manutenção da América do Sul. A nova unidade conferiu à companhia aérea um alto grau de autossuficiência, com capacidades para a maioria dos modelos Airbus e Embraer, o turboélice ATR e o Boeing 737-400F, além de uma ampla variedade de serviços de componentes.

Ainda assim, como informa o Aviation Week, a companhia aérea foi afetada pelos mesmos problemas na cadeia de suprimentos que assolam o restante do mercado, o que a obrigou a terceirizar algumas revisões de aeronaves fora da América do Sul.

“O Azul TecOps tem a capacidade e a excelência técnica para lidar com pesadas revisões em suas instalações. No entanto, devido a fatores externos decorrentes de questões geopolíticas e do cenário pós-pandemia, direcionamos os serviços de redelivery externos para os aviões ATR 72-600 e Embraer E1 fora da América do Sul”, diz Flavio Costa, vice-presidente técnico da Azul, ao Inside MRO.

Costa acrescenta: “É importante ressaltar que o cenário pós-pandemia da COVID-19, com a retomada da regularidade dos voos e o aumento da oferta pelas companhias aéreas, tem causado dificuldades na cadeia de suprimentos e uma redução da força de trabalho em todo o mundo. Portanto, por razões estratégicas, a Azul terceirizou algumas revisões e, principalmente, os redisponibilizadores de aeronaves para a contratação de serviços”.

Ele destaca o custo da terceirização, observando que a Azul economiza cerca de 25-30% – ou cerca de $500.000 – por revisão pesada que realiza internamente.

No ano passado, a Azul concluiu as negociações com os locadores para reduzir seus pagamentos anuais de aluguel em cerca de 1 bilhão de dólares. Também conseguiu acordos para encerrar alguns contratos de leasing de Embraer E1 antecipadamente, na expectativa de receber os novos modelos E2.

“Cada vez que pegamos um E2, é a coisa mais lucrativa que podemos fazer, pois nos livramos do E1, aumentamos ainda mais em 18 assentos para 136 assentos, e [temos] um consumo de combustível 25% menor por assento”, disse o CEO John Rodgerson na ocasião.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

Veja outras histórias