Boeing 787 acaba decolando só com as bagagens e sem um único passageiro a bordo

Avião Boeing 787-9 Dreamliner Qantas
Imagem: Adam Moreira / CC BY-SA 4.0, via Wikimedia

A companhia aérea australiana Qantas foi forçada a decolar com um de seus Boeing 787 sem um único passageiro a bordo, mas com a barriga cheia de bagagens. O voo, que ocorreu na sexta-feira (15) entre Melbourne e Sydney, teve por objetivo transportar malas de passageiros que haviam sido deixadas para trás durante um caos observado nas conexões de voos em meio ao feriado de Páscoa.

O voo teve que ser fretado depois que a Qantas foi criticada na mídia por deixar os clientes sem roupas no início de seus feriados. A companhia aérea com sede em Sydney disse que apenas um “pequeno número de voos” partiu sem bagagem carregada por causa dos “desafios” de falta de pessoal relacionados ao COVID.

“Decisões foram tomadas para que esses voos partissem sem bagagem e para garantir que os clientes pudeseem chegar ao destino e não enfrentar longos atrasos ou cancelamentos de voos”, disse a companhia aérea em comunicado. 

Pouco ou Muito

Inicialmente, a companhia disse que as bagagens atrasadas estavam simplesmente sendo colocadas em voos posteriores e enviadas aos clientes. Mas, ao colocar o 787 para voar só com malas, a imprensa australiana começou a desconfiar que o número de malas “extraviadas” é muito maior do que se pensava inicialmente.

A Qantas normalmente só usa seus Boeing 787 Dreamliners em serviços internacionais de longa distância. 

“Realmente agradecemos a paciência e compreensão das pessoas e pedimos desculpas pelo inconveniente”, disse um porta-voz da Qantas depois que a companhia aérea foi criticada por seu desempenho nos últimos dias. A Qantas diz que transportará meio milhão de pessoas em mais de 4.600 voos domésticos durante o fim de semana prolongado da Páscoa.

Fiasco da bagagem

O porta-voz culpou o fiasco da bagagem em parte pelo afrouxamento dos requisitos de isolamento do COVID-19, que fizeram com que as taxas de doença entre os funcionários aumentasse para até 50% em alguns departamentos. A companhia aérea disse que “rejeita” a ideia colocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Transporte (TWU) de que o problema está ligado à tercerização da força de trabalho, no ano passado.

Além de culpar a Qantas, o TWU também culpa o primeiro-ministro Scott Morrison pelos problemas atuais enfrentados pelos viajantes australianos.  

“Os australianos podem agradecer a Scott Morrison e seu governo ausente por estarem presos em aeroportos em vez de caçar ovos de Páscoa com suas crianças”, criticou Michael Kaine, secretário nacional da TWU. “A escassez de pessoal era totalmente previsível – o setor foi duramente atingido pela pandemia, mas as falhas do governo de Morrison em isolar a força de trabalho exacerbaram os desafios”, continuou Kaine.

A Qantas diz que levou 200 pessoas da sua sede para ajudar com bagagem e check-in nos aeroportos de Sydney e Melbourne.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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