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Boeing ameaça cancelar o projeto do maior dos 737 se o Congresso não lhe ajudar

A Boeing deu a sinalização de que, se o Congresso Americano não abrir uma concessão em um prazo, pode até cancelar o projeto do 737 MAX 10, o maior 737 já feito na história.

Foto: Boeing

O Boeing 737 MAX 10 é o maior jato da família 737 já construído, chegando a impressionantes 15 metros maior que o primeiro, da série 737-100. Este também deve ser o último desenvolvimento desta série de aviões que, por décadas, representou um enorme sucesso na aviação global.

Esse modelo, inclusive, foi encomendado pela brasileira GOL e conta mais de 640 pedidos, mas está sofrendo com atrasos após a mudança de regras de certificação impostas pela FAA e pelo Congresso dos EUA, como resposta aos eventos trágicos do MAX 8, em 2018 e 2019, que vitimaram mais de 300 pessoas na Etiópia e Indonésia.

A lei e o grito

O problema todo gira em torno exatamente disso. Esta nova regra, aprovada pelo congresso americano em 2020, exige que todo novo avião certificado a partir de janeiro de 2023 tenha um sistema de alerta mais avançando para os pilotos, indicando qualquer problema que possa ocorrer a bordo, incluindo situações relacionadas às causas-raiz dos acidentes anteriores.

No entanto, a Boeing não deve conseguir certificar o Boeing 737 MAX 10 antes do prazo e isso está estressando a fabricante, já que, se o ano virar, ela terá que parar todo o progresso da certificação até aqui para fazer os ajustes na cabine do novo modelo.

Já antevendo o problema, o CEO da Boeing, Dave Calhoun, ameaçou cancelar o projeto do MAX 10 se o congresso não aumentar o prazo que a fabricante tem para que o jato entre em serviço sem um novo sistema de alerta de tripulação.

“É um risco que eu estou arriscando tomar. Se eu perder a briga, eu perco a briga. Um mundo sem o MAX 10 não é tão difícil”, afirmou Calhoun ao Aviation Week numa entrevista .

Divulgação – Boeing

A fabricante afirma que o MAX 10 já tem nativas de fábrica as mudanças feitas para deixar o MAX 8 mais seguro, e que uma possível adição de um novo sistema não só iria atrasar mais ainda o projeto, mas tornaria ele e o MAX 7 (também não certificado ainda) diferentes dos MAX 8 e MAX 9 que já estão em operação, trazendo complicações para as companhias aéreas.

Enquanto alguns parlamentares pretendem estender o prazo, caso a FAA ache seguro fazê-lo, outros não querem dar mais uma chance à Boeing, principalmente por pressão das famílias das vítimas dos acidentes do MAX 8 e da opinião pública.

Caso o congresso não mude o prazo e o MAX 10 seja cancelado, será um fim melancólico para a série 737, que perderá ainda mais mercado para a família A320 da Airbus, principalmente para o A321neo, que tem dominado com folga o mercado dos jatos de maior porte de um só corredor.

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