Apesar de ter voado por pouco tempo, a companhia aérea boliviana Aerosur fez história na América do Sul por ter operado alguns dos Boeing 747 com as decorações mais curiosas de que se tem notícia para um jumbo.
![](https://aeroin.net/wp-content/uploads/2020/06/800px-AeroSur_Boeing_747-400_Heisterkamp.jpg)
Embora tivesse uma frota relativamente pequena, a Aerosur sempre manteve alguns “widebodies”, aeronaves de corpo largo e longo alcance que lhe permitiam realizar ligações, sobretudo, com a Espanha e os Estados Unidos.
Durante seus quatorze anos de vida, entre 1998 e 2012, a empresa teve algumas aeronaves emblemáticas nesse rol de grandes jatos, como é o caso de quatro Boeings 747, embora nem todos tenham efetivamente voado pela Aerosur. São eles:
- CP-2480 – Boeing 747-100 (cn 23150) – 2006/2006
- CP-2525 – Boeing 747-300 (cn 23030) – 2008/2009
- CP-2603 – Boeing 747-400 (cn 32339) – 2009/2012
- CP-2711 – Boeing 747-400 (cn 25422) – 2012/2012
Um outro Boeing 747-200 chegou a ser arrendado da espanhola Air Plus e operou entre 2006 e 2008, mas esse nunca chegou a receber a pintura da Aerosur.
Como se vê, a empresa aérea procurou manter, entre 2006 e 2012, um Boeing 747 em sua frota. Além de lhe assegurar os planos de voos de longo alcance, o modelo também lhe dava destaque internacionalmente.
Os Boeing 747 “selvagens”
Em 2008, a empresa boliviana adotou uma postura mais agressiva em termos de promoção de marca e, numa das ações, passou a pintar animais da fauna boliviana em suas aeronaves menores, que faziam voos domésticos e regionais. Por sua vez, nos grandes jatos a empresa pintou animais que tivessem alguma identidade com seus destinos internacionais.
Assim aconteceu com dois Boeing 747.
Um deles foi o Boeing 747-300 CP-2525 apelidado de “Torísimo” e recebido com grande festa em 15 de agosto de 2008 (veja o vídeo abaixo). Como o nome já delata, um enorme touro roxo na fuselagem tornava o jumbo uma aeronave “de presença” na Espanha, seu principal destino.
![](https://i0.wp.com/wordpress-227776-1347759.cloudwaysapps.com/wp-content/uploads/2020/06/AeroSur_Boeing_747-300_Simon.jpg?fit=800%2C561&ssl=1)
O “Torísimo” foi pintado num Boeing 747 com longa história e 10 operadores diferentes. Fabricado em 1984, foi entregue originalmente à Singapore Airlines, que o operou por onze anos.
Depois disso, foi repassado para a francesa Corsair, onde fazia voos turísticos sazonais para o Caribe e Ásia. Em períodos de menor movimento, a Corsair o alugava para a Garuda Indonesia levar peregrinos a Meca durante o Hajj. Assim aconteceu por três anos, até 1998. Nesse ínterim, a francesa também chegou a alugar o quadrijato para a belga Sabena, por curtos períodos. Então, em 1998, a Corsair incorporou a aeronave definitivamente e não mais a arrendou.
Em Maio de 2005, a aeronave foi repassada à Air Atlanta Icelandic, uma empresa especializada em wet-leasing e arrendamento de aeronaves para outros operadores. Foi o caso dos britânicos Travel City Direct e Excel Airways, que usaram a aeronave em tours especiais; da Air India, que teve a aeronave em sua frota entre 2006 e 2007; e da própria Aerosur, que teve sua posse entre agosto de 2008 e outubro de 2009.
A operação do Boeing 747-300 durou pouco tempo na Aerosur devido a uma série de problemas técnicos que obrigavam a empresa a manter a aeronave parada, trazendo grandes perdas. Em Agosto de 2010, a Air Atlanta repassou a aeronave à Saudi Arabian Airlines, que a voou até 2012, antes de mandá-la ao deserto dos Estados Unidos para armazenamento, onde está até hoje.
Quando o “Torísimo” foi devolvido, outro avião emblemático foi incorporado à frota da empresa boliviana. Dessa vez era um Boeing 747-400 batizado de “Super Torísimo” (matrícula CP-2603). Diferentemente do seu antecessor, essa aeronave era muito nova, com apenas 8 anos, e operada apenas por uma outra empresa aérea.
Apesar de ter sido encomendado originalmente pela Alitalia, esse Boeing 747 acabou indo parar na Virgin Atlantic, após a desistência do pedido por parte da italiana. Chegou em Londres em Maio de 2001 com a matrícula G-VROM e o nome de Barbarella.
Foi repassado à Aerosur em novembro de 2009, quando recebeu a linda pintura do touro amarelado e arisco, com olhos vermelhos e ar indomável. A empresa boliviana optou por manter as naceles dos motores na cor vinho, típica da Virgin, o que conferiu uma elegância extra ao avião. Em meio a problemas financeiros, a empresa boliviana devolveu a aeronave em março de 2012.
Hoje, com a pandemia do novo coronavírus, o Boeing foi retirado definitivamente de operação e encontra-se parado em Manchester, esperando por seu destino.
![AeroSur Boeing 747-400](https://live.staticflickr.com/5106/5679871436_fe42d6d213_h.jpg)
Mais um 747-400 antes da quebra
Em 31 de março de 2012, a companhia aérea suspendeu as operações devido a impostos não pagos, mas retomou alguns voos em seguida. Nesse momento, o “Super Torísimo” já havia sido devolvido para a Virgin Atlantic e a rota para Madrid já não era mais operada.
Com desejo de voltar à Espanha, a empresa chegou a iniciar um acordo para obter um outro Boeing 747-400, ex-Aerolineas Argentinas, mas que não avançou. Por consequência, a aeronave não chegou a voar efetivamente pela empresa da Bolívia, embora tenha recebido seu nome, como mostra a foto abaixo.
![](https://i1.wp.com/wordpress-227776-1347759.cloudwaysapps.com/wp-content/uploads/2020/06/Boeing_747-475_N971PG_13857659515.jpg?fit=800%2C533&ssl=1)
O elo perdido
Entre outubro de 2006 e maio de 2007, a Aerosur teve “virtualmente” um Boeing 747-100. Tratava-se de uma aeronave de 21 anos, na época, que voara antes na Japan Airlines e na Logistic Air, da Índia. No entanto, a aeronave nunca chegou a ser efetivamente incorporada à frota da empresa boliviana.
Fotos dessa aeronave existem, mas são muito raras e apenas com ela no solo, em claro armazenamento. Desde 2009, a aeronave está estacionada em Johor Bahur Senai, na Malásia.