Na aviação brasileira, mais do que o aumento no preço das passagens, motivado pela alta inflacionária geral e a ascensão do custo do combustível de aviação, a grande polêmica atual gira em torno da bagagem gratuita em voos. Como não poderia deixar de ser, tudo o que passa por votações no Congresso e por sanção presidencial torna-se, automaticamente, motivo de batalha política.
No entanto, mais do que qualquer ideologia, a questão econômica se sobrepõe nesse caso, já que, via de regra, quaisquer custos adicionais na operação das empresas aéreas será repassado ao cliente final. Para ilustrar isso, o CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, usou a expressão do mundo dos negócios que diz que “não existe almoço grátis”, fazendo a alusão ao fato de que o dinheiro sempre sai de algum lugar.
Lembrando que a volta da bagagem gratuita em voos foi aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, mas acabou vetada pelo presidente Jair Bolsonaro. O veto será revisto pelos Senadores no dia 5 de julho e pode ser derrubado. Se isso ocorrer, será mais um fator de aumento no preço das passagens.
Palavras do CEO
Sempre muito vocal, sobretudo nas redes sociais, Cadier usa de uma boa dose de sinceridade sobre o tema. Ele está certo, pois há muitos fatores que influenciam no preço da passagem. Confira as palavras dele.
“No Brasil (desde 2016) e no mundo há muito tempo, é permitido às companhias aéreas, cobrar a passagem e o despacho da bagagem separadamente. Entre muitos argumentos, o mais relevante é que isto é justo. Quem despacha mais bagagens deve pagar mais do que quem não despacha. Simples assim”, começa o CEO em seu texto.
“Não é melhor para ninguém que exista franquia obrigatória de bagagens: (1) é injusto para os passageiros que acabam uns pagando pelos outros, (2) é pior para as companhias porque obviamente embutem o custo da bagagem nas tarifas, então deixam de mostrar tarifas mais baixas e (3) também porque este comportamento faz com que naturalmente as pessoas viagem com mais malas, mesmo que seja inconscientemente, usando assim mais infraestrutura de aeroporto e consumindo mais combustível. Mesmo que você não acredite nos pontos (2) e (3), só o (1) já deveria ser suficiente”, prossegue o gestor.
“Todos nós já dissemos ou ouvimos em algum momento na nossa vida: “Não tem almoço de graça!”. Nunca. Tem sempre alguém pagando por isto.
Voltemos ao básico, ao simples. Não nos deixemos enganar por discursos equivocados sobre como funcionam empresas, governos e consumidores.
Se o Brasil voltar atrás e obrigar a franquia de bagagem, dará um passo gigante na direção errada, e se isolará do mundo (junto a Cuba e Coreia do Norte). Não deixemos que isto aconteça! Boa semana”, finaliza.