CEO de aérea critica seus funcionários após negros serem removidos do voo “devido ao odor corporal”

Imagem: Depositphotos

O CEO da American Airlines, Robert Isom, repreendeu seus próprios funcionários após um incidente controverso no Aeroporto Sky Harbor, em Phoenix, nos Estados Unidos. Na ocasião, oito homens negros foram retirados de um voo sob supostas alegações de odor corporal forte.

Embora o incidente tenha ocorrido em janeiro, só veio à tona recentemente quando três dos passageiros forçados a sair do avião com destino a Nova Iorque entraram com uma ação judicial contra a American Airlines, acusando a companhia de “discriminação racial flagrante e grotesca“.

Após o processo, amplamente divulgado na mídia americana, a Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP) ameaçou emitir um alerta de viagem contra a American Airlines pela segunda vez, avisando os americanos negros a não viajarem com a companhia a menos que esta tome uma “resposta rápida e decisiva” aos incidentes recentes.

Essa resposta “rápida e decisiva” parece ter vindo na forma de um memorando interno vazado, no qual Isom criticou seus próprios funcionários e prometeu uma série de medidas para prevenir futuros comportamentos discriminatórios.

No memorando, compartilhado pelo insider da aviação JonNYC no X, Isom disse que a remoção dos oito homens era “inaceitável” e que estava “incrivelmente desapontado” com o que aconteceu durante o voo de 5 de janeiro.

Temos uma missão compartilhada na American Airlines. Todos os dias e em todos os voos, nos esforçamos para cultivar um senso de comunidade e proporcionar uma experiência de viagem onde todos se sintam bem-vindos, valorizados e seguros“, disse Isom. “É importante abordarmos um incidente inaceitável em que oito passageiros negros foram temporariamente removidos e reembarcados em um de nossos voos.

O memorando continuou: “Estou incrivelmente desapontado com o que aconteceu naquele voo e com a falha em nossos procedimentos. Isso contradiz nossos valores, o que representamos, quem somos e nosso propósito de cuidar das pessoas na jornada da vida.

Isom admite que a American Airlines “falhou com nossos clientes” e “não cumpriu seus compromissos” antes de anunciar que a companhia aérea com sede em Fort Worth deve fazer mais para “ouvir, aprender e crescer“.

Abordando a ameaça de alerta de viagem da NAACP, Isom diz que já conversou com o presidente e CEO da organização, Derrick Johnson, e concordou com uma série de medidas para acabar com a discriminação na companhia aérea.

Essas medidas incluem a criação de um novo grupo de excelência e consultoria focado em “melhorar a experiência de viagem para os clientes negros“. Isom também anunciou um novo pacote de treinamento sobre diversidade, que será adicionado à educação anual sobre diversidade que já ocorre.

Isom prometeu uma revisão das políticas, práticas e protocolos, bem como da cultura organizacional da empresa aérea, que inclui o processo pelo qual os passageiros podem ser removidos dos voos, enquanto os funcionários serão incentivados a relatar comportamentos inaceitáveis.

O que houve

Durante a ocorrência de 5 de janeiro, funcionários da companhia aérea aparentemente removeram todos os passageiros negros do voo AA-832 devido a alegações de que tinham odor corporal forte. Os agentes de portão então tentaram remarcar os voos desses passageiros, mas, quando ficou claro que todos os outros voos de Phoenix para Nova Iorque estavam totalmente lotados, os homens foram autorizados a voltar ao voo original.

Quando os homens reembarcaram na aeronave, tiveram que suportar os olhares dos passageiros majoritariamente brancos, que “os viam como a causa do grande atraso“. O incidente, caracterizado como traumático, assustador, humilhante e degradante, provocou desconforto durante todo o voo.

A American Airlines, em sua manifestação, afirmou levar muito a sério todas as alegações de discriminação e querer que seus clientes tenham uma experiência positiva ao optar por voar com a companhia. A empresa está atualmente investigando o ocorrido já que, segundo afirmam, as alegações não refletem seus valores fundamentais nem seu propósito de cuidar das pessoas.

Em 2017, a Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP) emitiu um alerta de viagem contra a American Airlines por incidentes que, embora não fossem raciais, propiciaram incidentes reais de discriminação racial na companhia.

Relembre o caso clicando no título abaixo:

Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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