Chega a 100 transportes aéreos de órgãos para transplantes, pelo 2º ano seguido, o Esquadrão Guará

Imagem: 6° ETA

Após celebrar, no ano passado, a primeira vez em que transportou 100 órgãos para transplantes em um único ano, a marca volta a ser atingida pelo Sexto Esquadrão de Transporte Aéreo (6° ETA) – Esquadrão Guará.

Segundo informa a Força Aérea Brasileira (FAB) por meio do 6º ETA, em texto do Tenente Nijelschi, em prontidão durante os 365 dias do ano, homens e mulheres, pilotos, mecânicos e comissários que compõem o quadro de tripulantes do Esquadrão Guará, sediado em Brasília (DF), participam ativamente da missão de levar esperança àqueles que estão na fila da Central Nacional de Transplantes (CNT).

Para quem está aguardando o transplante, é uma corrida contra o tempo, e para os profissionais envolvidos no transporte, também. Fora do corpo, o órgão, que será destinado a um novo dono, possui um tempo limitado para integrar os seus sistemas, período chamado de isquemia e que varia para cada parte do corpo.

É nessa hora que entra o trabalho dos militares e aeronaves da Força Aérea Brasileira, como o Esquadrão Guará, que chegou à marca de 100 órgãos transportados em 2023 na última segunda-feira, dia 27 de novembro.

Após contato realizado entre a CNT e o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), órgão responsável pelo planejamento de missões dessa natureza, a tripulação do C-97 Brasília de matrícula FAB2019 foi acionada durante a madrugada e decolou de Brasília (DF) às 05h45 com destino a Botucatu (SP), onde embarcou a equipe médica que realizaria os procedimentos cirúrgicos.

Os tripulantes e a equipe médica seguiram para São José do Rio Preto (SP), pousando às 08h40, para realizar a captação do coração. O retorno para Botucatu ocorreu com pouso às 15h35, onde o receptor já era preparado para o transplante, realizado pela mesma equipe que estava no voo.

Para a Tenente Aviadora Karoline Ribeiro Loureiro, que fez parte da missão, realizar Transporte de Órgãos, Tecidos e Equipagens (TOTEQ) é incrivelmente gratificante.

“A sensação de contribuir para salvar vidas traz um significado profundo ao serviço e torna cada missão uma jornada de esperança e solidariedade. Não é à toa que chamamos de ‘Voo da Vida’. O privilégio de desempenhar um papel crucial nesses momentos críticos é uma fonte constante de motivação e orgulho”, disse a Aviadora.

O cirurgião Leonardo Rufino Garcia, que já integrou as fileiras da Aeronáutica como Oficial Médico, fala sobre o momento como uma oportunidade ímpar.

“O coração, apesar de sua nobreza, cobra seu preço, pois o tempo de isquemia durante as cirurgias de transplante é curto. Nesse sentido, vem a FAB, sem a qual a maioria dos procedimentos seria inviável. Conhecemos pessoas, oficiais e graduados, que contribuem para a hélice girar. Posso dizer que conheço a Força Aérea por dentro e por fora”, descreveu.

O Comandante do Esquadrão, Tenente-Coronel Aviador André Luiz Cornélio Maia, acredita que a expressiva marca de 100 órgãos transportados no ano – alcançada pela segunda vez – não só demonstra o resultado de todo um trabalho sinérgico, como também atesta a capacidade de prontidão das tripulações do 6° ETA.

“A decolagem de um Guará – código de chamada de nossas aeronaves – na imensidão da madrugada, para cumprir mais uma missão de TOTEQ, é a certeza de dias melhores no amanhecer de quem está numa fila à espera de um transplante. É o ‘voo da vida’ nas asas da nossa Força Aérea Brasileira”, ressalta.

Vários atores são envolvidos no processo, reforça o Comandante: “A CNT, o COMAE e o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), além de uma infinidade de personagens anônimos que, em perfeita sinergia, trabalham ininterruptamente para não só transportar órgãos: levar esperança”.

A Lei 9.175/17 dispõe sobre órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano para fins de transporte e tratamento. O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) conta com o apoio da FAB para transportar equipes médicas de coleta, que conseguem se mobilizar em até três horas para buscar o órgão e levar ao receptor em qualquer lugar do Brasil. Nestes casos, as aeronaves têm prioridade em relação a pousos e decolagens de voos regulares.

Esquadrão Guará

O 6° ETA é sediado na Base Aérea de Brasília (BABR), sendo uma unidade que realiza missões de transporte aéreo logístico, entre elas transporte de pessoal e carga, evacuação aeromédica e, com grande destaque, o TOTEQ. Opera, atualmente, as aeronaves C-95 Bandeirante, C-98A Grand Caravan, C-97 Brasília e U-100 Phenom.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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