Uma nova história de heroísmo, patriotismo e amizade envolvendo combates aéreos tomará a grandes telas este ano, com um ator que também esteve no filme Top Gun.
Estrelando Glen Powell (o “Hangman” de “Top Gun: Maverick”), Jonathan Majors (o “Kang” de “Homem Formiga e a Vespa: Quantumania”) e Joe Jonas, dos Jonas Brothers, o filme fala de uma guerra cujos detalhes são pouco conhecidos no Brasil.
Alguns anos após a Segunda Guerra Mundial, em 1950, a Coreia do Norte invadiu a do Sul e iniciou uma feroz batalha, considerada a primeira da Guerra Fria, já que os EUA se envolveriam diretamente enviando milhares de tropas, assim como os comunistas da China (estes em maior número) e da União Soviética.
Também foi a primeira guerra a contar com helicópteros e caças à jato em grande escala, e começou a redefinir o combate aéreo como conhecemos hoje, de alta velocidade e curta duração. Dentro desse contexto, uma batalha pouco lembrada foi a do Reservatório de Chosin, escolhida como palco para o filme Devotion (sem nome oficial em português ainda, mas que na tradução direta significa “Devoção”).
A história do filme, baseada no livro homônimo que conta um acontecimento real, gira em torno de Jesse Brown (Majors) and Tom Hudner (Powell), dois aviadores de alto nível da Marinha dos EUA. Brown foi o primeiro negro a se tornar aviador naval nos EUA, já que a Marinha (USN) tinha maior resistência que o Exército e a recém-criada Força Aérea, para aceitar pessoas de cor em funções “importantes”.
Além de enfrentar todo o preconceito durante a vida, Brown também teve dificuldades para se provar um piloto de elite, sofrendo com racismo também dentro da Marinha. Mas ele contou com a ajuda de seu ala, Hudner, tornando uma dupla implacável, que ajudou aos Fuzileiros Navais e as tropas da ONU a fugir de um cerco de tropas chinesas no congelado Reservatório de Chosin.
A batalha feroz em solo, em que os americanos e seus aliados estavam em um número 10x menor do que dos chineses, se repetiu no ar, com os caças da USN, onde os F-4 Corsair com motores radiais, tiveram que enfrentar os novíssimos caças a jato MiG-15.
O MiG-15 se tornaria um ícone da guerra e temor dos americanos, que logo depois colocaram em operação o F-86 Sabre, o verdadeiro rival do caça russo. No entanto, até lá, e em várias ocasiões, houveram embates de aviões a hélice contra os MiG, e em alguns casos os F-4 se saíram vitoriosos, mesmo sendo muito mais lentos.
A história do filme, porém, não é apenas sobre combate aéreo, e sim sobre amizade. Após várias missões, Brown é abatido e cai num lago gelado e, mesmo sabendo da provável morte de seu ala, Hudner faz um pouso forçado próximo e corre para resgatar o colega no meio do campo de batalha.
O ato heróico do seu ala, que venceu preconceitos internos, foi tão grande que ele foi agraciado com a Medalha de Honra anos depois, sendo inclusive o “ala mais premiado da história da USN”.
Hudner lembra que seus sogros, que tinham o mesmo sobrenome de seu ala e amigo, Brown, foram para a cerimônia de recebimento da Medalha de Honra em Washington (a primeira dada a um herói da Guerra da Coreia), quando puderam ver o racismo escancarado.
“Eles procuraram um hotel de última hora e, ao falarem o sobrenome deles (normalmente de negros), foram avisados de que não havia quartos, mas, quando chegaram no hotel, viram que não era verdade”, afirmou anos depois numa entrevista, Tom Hudner, que chegou a visitar a Coreia em 2013 para tentar recuperar os restos mortais de seu eterno amigo.
Hudner morreu em 2017, pouco antes do Destróier da classe Arleigh Burke e de identificação DDG-116, ser lançado ao mar com o seu nome. Décadas antes, em 1973, uma fragata da classe Knox, de identificação FF-1089, foi batizada em nome de seu ala, Jesse L. Brown.
O filme tem estreia prevista para 23 de novembro nos EUA, próximo do Feriado de Ação de Graças nos EUA. A estreia no Brasil ainda não foi confirmada, confira o trailer: